06 out, 2015 - 13:57 • Cristina Nascimento
O prémio Nobel da Física atribuído ao canadiano Arthur McDonald e ao japonês Takaaki Kajita pelas suas descobertas na oscilação de neutrinos tem participação portuguesa. Desde 2005, o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas participa na experiência SNO, conduzida por McDonald, na Universidade de Queen’s, no Canadá.
Tudo começou em 2002, quando o português José Maneira, já depois de ter tirado o doutoramento na área dos neutrinos entre a Universidade de Lisboa e a Universidade de Milão, rumou ao Canadá para fazer parte da equipa de McDonald. De regresso a Lisboa, três anos depois, José Maneira consegue financiamento para abrir, no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), um grupo de trabalho nesta área.
“Desde 2005, o nosso grupo foi responsável por algumas das análises que depois levaram a publicações destes resultados. Alguns já tinham sido publicados antes do LIP se juntar, mas os resultados completos finais, que foram publicados apenas em 2013, tiveram uma parte de trabalho do LIP, na análise do desempenho do detector (de partículas), mas depois também na análise da física das oscilações”, descreve à Renascença.
José Maneira, agora responsável pelo grupo de Física de Neutrinos do LIP, explica que Arthur McDonald e Takaaki Kajita não trabalham em colaboração directa, uma vez que cada um tem o seu detector de neutrinos. No entanto, as suas descobertas são complementares e permitem abrir portas a novos conhecimentos.
“Podemos entender melhor como é que se encaixam as várias partículas e foi a primeira brecha no chamado modelo padrão, um modelo onde em que estavam todas as partículas muito arrumadinhas. Pensava-se que elas tinham massa zero e afinal não têm massa zero”, explica.
O trabalho pode abrir “a estrada para novas descobertas e para uma compreensão um bocadinho mais profunda do modelo que explica as várias partículas e as várias interacções entre elas”.
McDonald é o mais velho dos dois laureados, tem 72 anos, mas permanece "totalmente activo", sublinha José Maneira, que se reuniu com o Nobel em Agosto.
Os galardoados com o prémio Nobel recebem um diploma, uma medalha de ouro e um prémio monetário no valor de quase 900 mil euros.
Todos os prémios serão entregues a 10 de Dezembro, aniversário da morte do magnata sueco fundador do galardão, Alfred Nobel (1833-1896), químico e inventor da dinamite.