19 out, 2015 - 10:46 • Teresa Almeida
A "chave" está.na manipulação nos componentes electrónicos. O coordenador da licenciatura Engenharia Mecânica Automóvel do Instituto de Politécnico de Leiria, Nuno Martinho, explica que é fácil manipular a informação sobre as emissões de gases de um carro.
O especialista diz que tudo se faz através da programação, fazendo que os dados reais sobre as emissões sejam alterados para aqueles que se pretende sejam lidos. "A partir da programação do motor, nós conseguimos alterar de forma brutal os dados sobre o nível de poluição", explica.
Nuno Martinho nota que os veículos têm componentes de tal forma avançados que o tornam "inteligente", a um ponto em que "o próprio carro distingue distingue se está a ser testado no banco de rolos de uma inspecção ou se está na estrada, e não a ser testado”.
"Posso dizer que, apenas através do sensor do acelerómetro, posso alterar o sinal", dando ao sistema informação sobre "se está a ser testado, parado, ou em movimento, em estrada”. Portanto, explica Nuno Martinho, "a partir daqui, conseguimos alterar todos os parâmetros de funcionamento do motor, de forma automática, sem recurso a qualquer 'kit'“.
Estas manipulações não são passíveis de detecção num centro de Inspecções, porque, explica o professor do Politécnico de Leiria, "a avaliação feita nestes centros está muito aquém dos parâmetros necessários para homologar um veículo".
Nuno Martinho diz ainda que os actuais centros de inspecções têm limites no que diz respeito à detecção de poluentes: "No caso dos motores a gasolina, é o monóxido carbono, e, no caso dos motores a diesel, é emissão de partículas. Mas as emissões de poluentes estão muito para além destes dois."