26 out, 2015 - 11:39
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que comer carne processada, como salsichas, fiambre ou bacon, pode causar cancro do cólon.
O mesmo documento adianta que as carnes vermelhas são "provavelmente carcinogénicas", potenciadoras de cancro, embora a evidência científica quanto a esse facto ainda seja limitada.
“O risco de desenvolver cancro do cólon rectal devido ao consumo de carne processada é reduzido, mas aumenta consoante a quantidade de carne consumida por cada indivíduo”, explica Kurt Straif, director da Agência Internacional de Investigação do Cancro, sediada em França, que integra a OMS.
Segundo a agência Reuters, os investigadores colocaram a carne processada na “lista negra” dos produtos ou substâncias para os quais existem “provas suficientes” que os ligam ao aparecimento do cancro. Esta listagem incluiu tabaco, amianto e gases provenientes de motores diesel.
Este relatório revela que 50 gramas de carne processada por dia - menos de duas fatias de bacon - é o suficiente para aumentar o risco cancro colón rectal em 18%.
Quanto às carnes vermelhas, incluindo carnes bovinas, suínas e borrego, o investigador referem que as evidências são, por enquanto, mais limitadas. Mas o grupo de cientistas encontrou ligações entre o consumo deste tipo de alimentícios e o cancro intestinal, pancreático e da próstata.
O documento foi elaborado por um grupo de trabalho composto
por 22 especialistas de 10 países, que foram convocados para o Programa de
Monografias da agência, com sede na cidade francesa de Lyon.
A carne processada está relacionada com produtos "que foram transformados através de um processo de salga, fumeiro, fermentação ou outros processos para melhorar o sabor ou conservação". Nesta categoria estão incluídos, entre outros, produtos como salsichas, presunto, carne enlatada, bacon e preparados ou molhos à base de carne.
Nutricionistas satisfeitos com classificação da OMS
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas congratulou-se com o facto da Organização Mundial da Saúde classificar os alimentos processados como cancerígenos, e a carne vermelha como potencialmente cancerígena, considerando ser uma oportunidade para aumentar o consumo de hortofrutícolas.
"Para os profissionais de saúde, o facto não é novidade. Há estudos que associam estes alimentos ao cancro, assim como identificam os hortofrutícolas como potenciais diminuidores do risco de doença oncológica", disse Alexandra Bento à agência Lusa.
A especialista reconhece que "não é fácil mudar hábitos alimentares de um dia para o outro", mas afirmou ser esta uma oportunidade para recuperar o consumo da dieta mediterrânica, que foi abandonada nos últimos tempos.
"Se sabemos que há uma relação entre os hábitos alimentares e a saúde e que os erros alimentares podem levar a doenças, nomeadamente ao cancro, então devemos pensar nos alimentos que devem ser a base da nossa alimentação", afirmou, numa referência aos hortofrutícolas.
Em relação às carnes vermelhas, a nutricionista diz que esta apenas deve ser consumida esporadicamente. "Em alimentação não devemos diabolizar alimentos, mas devemos consumi-los com peso e medida", adiantou.
Alexandra Bento reconhece que "as fileiras vão posicionar-se", numa referência aos produtores destes produtos.