29 out, 2015 - 08:49 • Vasco Gandra, em Bruxelas
Portugal já se declarou pronto, há semanas, para receber a sua quota-parte estabelecida de refugiados, mas, até agora, nada. O que está a falhar? Quando serão ultrapassadas as barreiras burocráticas? A Renascença procurou respostas junto da Comissão Europeia.
Uma das intenções é que, até final de Novembro, a União Europeia tenha a funcionar os vários pontos e equipas que identificam e registam os refugiados em Itália e na Grécia. Estas equipas deverão analisar quem tem direito a asilo.
Os que beneficiem do estatuto são reencaminhados para outros Estados-membros, e quem não recebe asilo deverá regressar ao país de onde veio.
Mas todo o processo está a avançar lentamente. Por exemplo, em Itália, só um destes pontos de registo dos refugiados está a funcionar, na ilha de Lampedusa. Também só há um na Grécia, na ilha de Lesbos.
Por isso, o presidente da Comissao Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu esta semana aos Estados-membros que contribuam com os meios que prometeram para gerir a crise dos refugiados.
A isto junta-se a dificuldade de implementar, desde o início, um mecanismo complexo de identificação, registo e transporte de pessoas.
Nesta fase do processo, nove Estados membros disponibilizaram se para receber cerca de 800 refugiados. É um primeiro passo, mas o acordo da UE prevê a recolocação de 160 mil pessoas que precisam de protecção internacional nos próximos dois anos.
Esta quinta-feira, pelo menos três migrantes morreram no naufrágio do barco em que navegavam para a ilha de Lesbos. 242 pessoas foram resgatadas com vida.
Com este acidente, eleva-se para 11 o número de vítimas mortais, só nas últimas 24 horas, às portas da Europa, na bacia do Mediterrâneo.
Desde o início do ano mais de 500 mil refugiados conseguiram entrar pela Grécia, a que se juntam muitos outros milhares de migrantes que chegam a Itália. Fogem das perseguições, da guerra ou da fome, mas tardam em ser ajudados na União Europeia, apesar das promessas de Bruxelas.