14 nov, 2015 - 14:35
No dia seguinte aos atentados terroristas que fizeram mais de 120 mortos e dezenas de feridos em Paris na sexta-feira, Hermano Sanches Ruivo, vereador da Câmara de Paris, diz à Renascença que “o conceito de normalidade alterou, mas hoje Paris continua a viver, as pessoas estão na rua”.
Todos os transportes da cidade estão a funcionar, à excepção dos arredores das zonas dos atentados, e as autoridades municipais estão a “tentar apelar a que não haja uma mobilização nem manifestação espontânea”, nem qualquer espécie de “tentativa de vingança”, descreve o vereador luso-descendente.
“Não podemos esquecer que Paris já foi palco de atentados e que temos de voltar a normalidade”, afirma. Sobre o papel das autoridades na prevenção dos ataques, Sanches Ruivo sublinha: “de facto, nós sabemos que pode acontecer, mas não como nem quando”.
O vereador da Câmara de Paris aponta que o terrorismo é também “uma questão de fractura social”, com “pessoas que estão a viver nas nossas sociedades” e que desempenham estes ataques. “Não é só um problema de extremismo, é um problema social”, aponta.
Hermano Sanches Ruivo confirma ainda a morte de um cidadão franco-português nas imediações do Stade de France, e informa que as listas de vítimas não estão ainda completas e que há especial dificuldade em apurar todas as informações relativas ao atentado ao Bataclan, onde morreram mais de 80 pessoas.
O que implica a declaração de estado de emergência?
A declaração de estado de emergência acontece perante o perigo eminente resultante de atentado grave à ordem pública com um decreto aprovado pelo conselho de ministros e que só pode ser prolongado por mais de 12 dias com uma lei para esse efeito.
Implica, entre outras coisas, a interdição à circulação de pessoas ou veículos em determinados locais ou horário. São definidas áreas de protecção ou segurança onde a presença de pessoas é controlada e fica proibida a presença de pessoas em qualquer parte local que possa comprometer, seja de que forma for, a acção dos poderes públicos.
O ministro da Administração Interna, Bernard Cazeneuve, pode dar ordem para o encerramento provisório das salas de espectáculos, bares e todos os locais públicos, como já aconteceu este sábado com o Museu do Louvre e a Torre Eiffel, dois ex-libris da cidade.
O governo pode ainda interditar a título geral e particular todas as reuniões que possam provocar desordem. A polícia municipal francesa tem reforçado a proibição de convocar qualquer tipo de manifestação ou protesto até quinta-feira e alerta aos cidadãos de Paris para resistirem à tentação da vingança.
O decreto pode conferir às autoridades administrativas o poder de mandar fazer buscas domiciliárias de dia ou de noite e as autoridades podem ainda adoptar todas as medidas necessárias para controlar a imprensa e as publicações, assim como as emissões de rádio, projecções de cinema e representações de teatro.
Pelo menos 127 pessoas morreram e mais de 250 ficaram feridas na sequência de vários atentados em Paris, na sexta-feira à noite. Os ataques tiveram como alvo locais diferentes do centro de Paris, entre eles uma sala de espectáculos, o Bataclan, e o estádio nacional, onde decorria um jogo de futebol amigável entre as selecções de França e da Alemanha.
A França decretou o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras na sequência daquilo que o presidente François Hollande classificou como "ataques terroristas sem precedentes no país".