18 nov, 2015 - 15:51 • Redacção
O autodenominado Estado Islâmico revelou na mais recente edição da sua revista oficial, “Dabiq”, uma imagem da bomba artesanal alegadamente usada para abater um avião russo que sobrevoava o Egipto.
A imagem mostra uma lata aparentemente normal da “Schweppes Gold” na qual terá sido colocada um detonador e explosivos.
No texto que acompanha a imagem o grupo admite que depois de ter descoberto brechas na segurança do aeroporto de Sharm el-Sheikh, na costa egípcia, estava decidido a detonar a bomba a bordo de um avião ocidental, mas mudou de ideias depois de Moscovo se ter juntado ao conflito na Síria, bombardeando posições dos vários grupos que se opõem ao regime de Bashar al-Assad, incluindo o Estado Islâmico.
“Depois de ter descoberto uma forma de comprometer a segurança no Aeroporto Internacional de Sharm el-Sheikh e estando resolvidos a abater um avião pertencendo a uma nação da coligação ocidental liderada pelos americanos, o alvo foi alterado para um avião russo. A bomba foi colocada no avião, levando à morte de 219 russos e mais cinco cruzados apenas um mês depois da decisão impensada da Rússia.”
O aparelho, que fazia a ligação entre a estância turística egípcia de Sharm el-Sheikh e a cidade russa de São Petersburgo, despenhou-se a 31 de Outubro sobre o Sinai.
No mesmo texto, os jihadistas reivindicam a autoria do ataque em Paris, gabando-se de ter conseguido levar França a ajoelhar-se com a acção de “oito bravos cavaleiros”.
“E assim se executou a vingança contra aqueles que se sentiam em segurança nos cockpits dos seus jactos”, diz o artigo, em referência à participação da França na coligação contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Nesta edição do “Dabiq”, o grupo terrorista admite também ter assassinado dois reféns estrangeiros, nomeadamente um norueguês e um chinês. A edição anterior da revista tinha mostrado fotografias de ambos os reféns, com uma legenda a dizer “vende-se”.
Engenho explosivo simples
Contactado pela Renascença, o comandante do Centro de Inactivação de Engenhos Explosivos da PSP diz que é perfeitamente possível criar uma bomba com aquele material. O Intendente Luís Ferreira sublinha, no entanto, que é daqueles engenhos que só pode ser usado por bombistas suicidas.
“Estão os componentes todos essenciais para ter um engenho explosivo. Dentro da lata que se vê tem de estar carregada de explosivos. No fundo da lata consegue-se ver um orifício que tem o mesmo diâmetro que tem o detonador que está imediatamente ao lado. O detonador precisa de uma fonte de energia, essa fonte de energia aparece-nos tapada. É um engenho extremamente simples e requer que o operador seja suicida, tem de ser accionado por alguém que vai no avião e junto ao engenho”, explica.
Escusando-se a um comentário directo sobre a queda do avião russo em Sharm el-Sheik, o Intendente Luís Ferreira explica, no entanto, que é praticamente impossível passar materiais como aqueles num aeroporto. “Com os sistemas de segurança que estão hoje em dia montados é impensável que entre um detonador assim, passe no raio-x e nos detectores. Está fora de hipótese. Teve de haver ou uma falha de segurança grave ou o engenho entrou no circuito de uma forma diferente”, acrescenta.
[Notícia actualizada às 20h01]