30 nov, 2015 - 20:32
Na luta contra o aquecimento global, os países desenvolvidos têm que ajudar os mais pobres a garantir na transição para energias mais limpas, defende o embaixador francês em Lisboa, Jean-François Blarel, em entrevista à Renascença.
No dia em que arrancou a Cimeira do Clima, em Paris, o diplomata considera “injusto” exigir aos países pobres que façam esse esforço sozinhos.
“O único problema é encontrar o dinheiro para os países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos já fizeram a sua transição com uma indústria que era devastadora do ponto de vista do futuro do planeta. E agora, estão a pedir aos países pobres que façam o mesmo. É injusto. O problema é orientar a nossa ajuda ao desenvolvimento para o clima, para assegurar essa transição energética com os países mais pobres”, afirma Jean-François Blarel.
A Cimeira do Clima pretende aprovar um acordo mundial que permita travar o aquecimento global. O objectivo é limitar a dois graus celsius o aumento da temperatura até ao final do século.
Em entrevista à Renascença, o embaixador francês em Lisboa espera que da cimeira de Paris saiam avanços importantes para o futuro planeta e progressos em relação ao protocolo de Quioto, que vigora desde 2005.
“O protocolo de Quioto cobre os actuais 15% das emissões de gases com efeito de estufa. Agora, com a adição de todas as contribuições nacionais já recebidas pelas Nações Unidas, temos quase 95%. A diferença é enorme”, sublinha Jean-François Blarel.
Atentados de Paris. “Não são religiosos, são radicais”
Os atentados de 13 de Novembro na capital francesa foram outro tema desta entrevista de Jean-François Blarel à Renascença.
Para o diplomata francês, a radicalização dos jovens europeus é um fenómeno “difícil de compreender”.
“Os autores destes actos hediondos são jovens oriundos das nossas sociedades, são franceses, belgas, com ordens de fora, do dito Estado Islâmico. São jovens insatisfeitos nas nossas sociedades, são radicalizados recentemente, sem história pessoal religiosa. É difícil compreender. Há um debate em França sobre estes temas porque são muito difíceis.”
Jean-François Blarel considera que “há uma responsabilidade das sociedades ocidentais” e em França decorre um “debate profundo nos sectores políticos e sociológicos”.
“É um problema de educação, de integração, seguramente. Há muitos peritos que dizem que não é um problema ligado ao Islão, porque estes jovens não são religiosos, são radicais, e que encontram o terrorismo jihadista como uma solução para os seus problemas”, concluiu.