30 nov, 2015 - 12:35 • José Pedro Frazão
O Presidente de França, François Hollande, defendeu, esta segunda-feira, que o combate ao terrorismo e às alterações climáticas representam a mesma luta.
“A luta contra o terrorismo e a luta contra as alterações climáticas não são antagónicas. São dois grandes desafios mundiais que temos pela frente, porque temos de deixar às nossas crianças um mundo livre de terrorismo, um planeta preservado de catástrofes, um planeta viável“, disse Hollande, na abertura da Conferência do Clima, evocando as batalhas que passam por Paris, um epicentro momentâneo das grandes decisões do mundo.
O discurso de abertura da sessão dos líderes mundiais, que sucedeu à inauguração oficial da Conferência da ONU sobre as Alterações Climáticas, duas semanas depois da morte de 130 pessoas em ataques terroristas na capital francesa, foi precedido de um minuto de silencio guardado pelos chefes de estado e de governo de todo o mundo, em memória das vítimas dos atentados de 13 de Novembro.
Três objectivos
Hollande traçou três critérios para definir o sucesso desta conferência, que entra agora em segmentos de negociação técnica até à próxima semana.
Primeiro, a definição de um roteiro que consiga evitar que a temperatura media global do planeta não suba além de dois graus centígrados para além da era pré-industrial. França continua a lutar diplomaticamente por um aumento de apenas 1,5 graus, apesar das dificuldades evidentes em sequer conseguir chegar à fasquia dos dois graus, cientificamente aceite como um ponto de ruptura no sistema climático.
Num segundo plano, François Hollande exige que todos assumam as suas responsabilidades. “ A segunda condição passa por uma resposta unida ao desafio climático. Nenhum estado deve poder escapar aos seus compromissos”, sublinhou o presidente francês, no que pode ser lido como uma resposta ao falhanço da aplicação do Protocolo de Quioto, cuja ratificação foi rejeitada pelos Estados Unidos.
Antes de elencar uma terceira condição - “ que as sociedades sejam envolvidas neste esforço” - Hollande foi cristalino na definição do eventual Acordo de Paris: “O acordo deve ser universal, difreenciado e vinculativo.” A natureza jurídica obrigatória do acordo tem sido muito questionada nas negociações e não agrada a muitos sectores políticos norte-americanos.
Contra o muro do egoísmo
François Hollande defendeu ainda que os países desenvolvidos devem assumir a sua responsabilidade histórica e apelou a uma "acelerada transição energética” dos países emergentes, com apoio financeiro dos países mais ricos.
No final, o chefe de Estado francês deixou uma imagem num discurso seguro e incisivo: “Estamos encurralados contra um muro, um muro construído pelo nosso egoísmo, indiferença, desmazelo, impotência. Mas não é inultrapassável. Tudo depende de nós.” França acredita que pode chegar a 12 de Dezembro com um bom acordo climático global, longe ainda da vista ao dia de hoje.