15 dez, 2015 - 02:12
O único debate televisivo entre o presidente do governo espanhol e o candidato socialista às eleições gerais realizou-se esta segunda-feira e ficou marcado por acusações do passado, com Pedro Sánchez a questionar a honestidade de Mariano Rajoy, que o apelidou de "desprezível".
O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, acusou Mariano Rajoy de não ser honesto, por não se ter demitido aquando dos casos de corrupção que afectam o PP, ao que o presidente do Governo espanhol e dos "populares" respondeu: "Agora já chega".
O primeiro-ministro acusou Pedro Sánchez de ser "ruim, miserável, mesquinho e desprezível", acrescentando que "não lhe admitia pôr em causa a sua honra".
Sánchez recordou o episódio de um SMS enviado por Rajoy ao ex-tesoureiro do PP Luís Bárcenas - acusado na justiça por casos de corrupção e favorecimento ilícito. Na altura, Rajoy enviou uma mensagem a dizer "Luís, sê forte".
"O senhor nomeou Bárcenas gerente, promoveu-o a tesoureiro e depois a senador. Quando perdeu as eleições em 2004, o senhor foi de férias pagas pela empresa de Correa [o líder de outro caso de corrupção, o caso Gurtel] e o senhor permitiu que a senhora Cospedal mentisse na cara de todos os espanhóis, ao dizer que ia despedir Luis Bárcenas", acusou Sánchez.
Sánchez também responsabilizou Rajoy de ter destruído à martelada o computador do ex-tesoureiro antes de este ser apreendido pela justiça e criticou o presidente do Governo por, após as primeiras informações do caso, ter dito que tudo era falso.
"O senhor deveria ter-se demitido nessa altura, há dois anos (...). O presidente do Governo tem de ser uma pessoa decente, senhor Rajoy, e o senhor não o é", acusou Sánchez.
Foi então que Rajoy, habitualmente impassível, declarou: "Agora já chega".
Após ter respondido que, se acreditava mesmo nisso, então Sánchez deveria ter apresentado uma moção de censura (algo que não aconteceu), Rajoy sublinhou que é "um político honrado".
"No mínimo, tão honrado como você. Fui vereador, presidente de região, vice-presidente da Xunta [presidente do Governo regional da Galiza], cinco vezes ministro, vice-presidente e presidente do Governo e ninguém, jamais, me acusou de nada em tribunal, nem nunca fui acusado de apropriar-me de nada", explicou Rajoy.
Salientou que não se dedica à política por dinheiro e afirmou que Sánchez nunca mais se vai recuperar das acusações que fez no debate de hoje.
"Como vai perder as eleições, não se esqueça que pode recuperar-se da derrota, mas se calhar nunca vai recuperar de afirmações ruins, mesquinhas, miseráveis e desprezíveis" sobre a sua honestidade e decência, contrapôs Rajoy.
O debate ficou também marcado por acusações de Rajoy à herança deixada pelo PSOE até 2011 (desemprego e défice elevado) e pela resposta de Sánchez, que insistiu que a política de austeridade do PP cortou em tudo menos na corrupção.
As eleições gerais espanholas estão marcadas para o próximo domingo, dia 20 de Dezembro.