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​Quem é o Ciudadanos? "O centro que Espanha precisa"

18 dez, 2015 - 17:06 • Inês Alberti, em Madrid

O partido de Albert Rivera disparou nas sondagens, de 3% para 19% em poucos meses, e pode ser decisivo para a formação do próximo Governo.

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No último domingo antes das eleições todos os partidos que concorrem às eleições gerais em Espanha iniciaram a última semana de campanha com eventos em Madrid. O comício do Partido Popular, do actual primeiro-ministro Mariano Rajoy, juntou quatro mil pessoas. Mas mais de 10 mil participantes marcaram presença no evento de Albert Rivera, do Ciudadanos.

Mas quem é este partido que começou a corrida às eleições com 3% nas sondagens, no Verão, e terminou com 19%, a menos de 10 pontos de Rajoy e a apenas um ponto percentual de diferença dos socialistas?

Não é fácil explicar. Não é de esquerda, nem de direita. “Aposta numa política muito de centro, que Espanha precisa”, explica à Renascença Miguel Gutiérrez, delegado do partido em Madrid.

“Somos liberais quanto às políticas económicas (...) e, por outro lado, somos um partido também social-democrata que quer consolidar um estado de bem-estar em que as classes mais desfavorecidas consigam um bom nível de bem-estar social”, explica.

Em termos do programa eleitoral, esta posição traduz-se numa oscilação entre sugestões tipicamente de direita e de esquerda. À direita, verifica-se a ideia de um “projecto comum de Espanha”, no qual a independência da Catalunha não tem lugar, e mudanças no mercado laboral, entre as quais a implementação de um contrato único que visa proteger os trabalhadores independentes, mas que tem sido criticado como redutor pelos outros partidos.

Por outro lado, o Ciudadanos aproxima-se da esquerda ao defender a despenalização do aborto, as barrigas de aluguer, a despenalização da canábis e a legalização da prostituição. Tal como os concorrentes, o partido também defende medidas anti-corrupção.

A par do esquerdista Podemos, o Ciudadanos é o partido que mais tem recolhido os votos que Rajoy e Sánchez têm perdido, principalmente dos jovens.

“[O Ciudadanos] É um partido muito bom, Albert Rivera tem as ideias bem definidas, é mais centrado e focado nos trabalhadores”, diz Juán, 35 anos, trabalhador no Mercado de San Miguel, em Madrid. “Penso que Albert Rivera pode ser presidente. Vamos ser se o deixam”, atira.

Mas o candidato deixa muita gente de pé atrás. Uma análise aos seus cartazes eleitorais, feita por uma empresa especialista em ler as emoções através de fotografias, revelou que o seu sorriso transparece “arrogância”. Nascido em Barcelona, há 36 anos, e formado em Direito, também é acusado de ser falso. “Não me dá confiança aquilo que diz, não me convencem”, diz Mercedes de 45 anos.

Alberto, um estudante de Administração e Finanças, também considera que Rivera “promete muito, mas não vai fazer nada”. “Não me parece que as suas ideias possam ser levadas a cabo”, vaticina.

“Quem é Rivera? Não o conheço, nem o quero conhecer porque não gosto daquilo que diz. Não penso nada dele, porque me parece um falso, acho que é mentiroso”, critica Ávil, outro trabalhador do mercado.

Albert Rivera não está longe de Mariano Rajoy nas sondagens. Com nenhum partido a alcançar a maioria, terá que haver coligações. “Nós pusemos uma limitação para negociar”, explica Miguel Gutiérrez à Renascença: “Nós nunca negociaremos com ninguém que queira separar Espanha, como o Podemos.”

“E temos outra linha vermelha: não entraremos em nenhum governo que não possamos presidir”, diz o delegado do Ciudadanos em Madrid..

A porta fica apenas aberta para uma coligação com o Partido Popular, apesar de Albert Rivera já ter negado que não tem nada planeado. Se assim for, Mariano Rajoy terá que aceitar que este candidato, 24 anos mais novo que ele, seja primeiro-ministro do seu Governo.

Comentários
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  • Pedro
    19 dez, 2015 Beja 00:28
    Centro? Se dissesse a DIREITA que a Espanha precisa...mas agora centro? Que é isso do centro?

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