21 dez, 2015 - 15:56 • Filipe d'Avillez
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Derrotar o Estado Islâmico é o grande objectivo da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos e também da Rússia, que tem ajudado o regime de Bashar al-Assad, na Síria, mas não será suficiente para acabar com a ameaça do fundamentalismo islâmico na região. A conclusão é de um estudo publicado esta segunda-feira pelo Centro de Religião e Geopolítica, que pertence à Tony Blair Faith Foundation.
Segundo o estudo da organização fundada pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido, existem pelo menos 15 grupos de ideologia semelhante à do Estado Islâmico prontos a ocupar o lugar que ficará vago com a sua eventual destruição. Os dados apontam ainda para o facto de uma esmagadora maioria (60%) de todos os rebeldes na Síria serem extremistas islâmicos.
Alguns dos grupos extremistas fazem parte das negociações para encontrar uma solução para a guerra na Síria, apoiadas pela ONU, como é o caso do Ahrar al-Sham. O Estado Islâmico e o Jabhat al-Nusra, o ramo local da Al-Qaeda, foram excluídos do processo.
Dos cerca de 70 mil rebeldes “moderados”, referidos recentemente por David Cameron num discurso, perto de 20 mil são salafitas, isto é, defensores de um sistema de islão fundamentalista como aquele que é protagonizado pelo Estado Islâmico.
O relatório publicado esta segunda-feira diz que é um erro estratégico focar-se apenas na destruição do Estado Islâmico.
“Se apenas o Estado Islâmico for derrotado existe um grande risco de combatentes dispersos do EI e de outros grupos jihadistas expandirem os seus horizontes e começarem a lançar ataques fora da Síria. 'O Ocidente destruiu o califado' será o novo grito de ordem. Num agravamento perigoso, estes grupos podem começar a competir para estar em destaque, para receber fidelidade de combatentes globais e o financiamento que o EI actualmente atrai”, dizem os especialistas.
Uma vez que 90% dos grupos que lutam no terreno consideram que a grande prioridade deve ser a queda do regime de Assad, com apenas 39% a pensar que a eliminação do Estado Islâmico é da mesma importância, o estudo conclui que sem a saída de Assad qualquer acordo de paz não terá pernas para andar.
Contudo, diz ainda o Centro de Religião e Geopolítica, a mera retirada de Assad também não é suficiente. “Sem apoio regional para pacificar o país, a mera derrota de Assad não servirá para pôr fim ao conflito e deixará o país vulnerável ao domínio por forças extremistas”.