22 dez, 2015 - 11:04
Mais de um milhão de refugiados e migrantes entraram na Europa até segunda-feira, dia 21. Pelo caminho ficaram 3.600 pessoas, que morreram afogadas ou desapareceram durante a viagem.
Os dados foram divulgados esta terça-feira pela agência das Nações Unidas para os refugiados e a Organização Mundial para as Migrações (OIM). Do total de um milhão e cinco mil pessoas que chegou à Grécia, à Bulgária, a Itália, a Espanha, a Malta e ao Chipre até dia 21, a vasta maioria (816 mil) chegou por mar a terras helénicas.
Metade são sírios em fuga da guerra; 20% são afegãos e 7% iraquianos.
“Mas não é suficiente contar o número daqueles que chegam ou os quase quatro mil que este ano desapareceram ou se afogaram. Temos também de agir”, afirma o responsável da OIM Lacy Swing, em comunicado.
“A migração tem de ser legal e segura para todos – para os migrantes e para os países que se tornam a sua nova casa”, acrescenta, partindo do princípio de que “a migração é inevitável, necessária e até desejável”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que a vaga de migração e refugiados se mantenha a um nível igualmente elevado em 2016, mas o porta-voz da IOM, Joel Millman, considera ser impossível prever números futuros.
“Está muita coisa em causa. A resolução do conflito na Síria e os movimentos de protecção das fronteiras europeias, por exemplo. Nunca pensámos que pudéssemos chegar a este nível. Só esperamos que as pessoas sejam tratadas com dignidade”.
Acima de tudo, um problema global
O movimento recorde de pessoas para a Europa é um sintoma do nível recorde de distúrbios em todo o mundo, com números de refugiados e deslocados internos a ultrapassar os 60 milhões, segundo dados do ACNUR, divulgados na semana passada.
“Não percebo por que é que as pessoas insistem que isto é um problema europeu. Isto é um problema global”, sublinhou esta terça-feira o director do ACNUR em Genebra, Michael Moller, numa conferência de imprensa.
Na sexta-feira, o alto comissário, António Guterres, apelou a uma “colocação massiva” dos refugiados sírios e de outras nacionalidades na Europa e à distribuição de centenas de milhares de pessoas antes que o sistema de asilo europeu desabe.
Exortou ainda os países europeus a reconhecer as contribuições positivas dos refugiados e migrantes e a honrar o que apelidou de “âmago dos valores europeus: proteger vidas, defender os direitos humanos e promover a tolerância e a diversidade”.