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Crise de refugiados

Liberdade de circulação na Europa "pode colapsar"

08 jan, 2016 - 16:43 • Catarina Santos

Falta de organização e retórica populista de muitos estados-membros está a minar a resposta europeia à crise de refugiados e pode fazer colapsar não só o sistema europeu de asilo, como alertou António Guterres, mas "todo o edifício de Schengen". O alerta é do eurodeputado Carlos Coelho, que defende um corte de fundos aos países que não contribuem.

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No ano em que o fluxo de refugiados atingiu níveis apenas comparáveis aos tempos da II Guerra Mundial, a Europa "reagiu tarde e de forma lenta", considera o eurodeputado Carlos Coelho. E quando finalmente tomou medidas, encontrou travões que podem impedir a sua aplicação.

Se alguns impasses se mantiverem em 2016, o eurodeputado social-democrata considera que "pode haver, de facto, um colapso do sistema europeu de asilo [como alertou recentemente António Guterres], mas, se calhar, de uma forma um bocadinho mais egoísta para os cidadãos europeus, diria mesmo que pode colapsar todo o edifício de Schengen. Ou seja, a ideia da liberdade de circulação dentro da Europa pode estar em risco se nós não conseguirmos regular bem este fluxo migratório".

Neste ano que agora começa é fundamental, defende o eurodeputado, "que sejamos, não apenas mais inteligentes nas medidas que formos adoptar, mas sobretudo mais rápidos. Porque, em bom rigor, não há medidas muito erradas que nós tenhamos tomado em 2015 - demorámos foi tempo demais a tomá-las e algumas, quando começaram a ser executadas, já era tarde demais".

Em Setembro, A Comissão Europeia propôs e o Conselho Europeu aprovou uma série de medidas concretas e prioritárias, a aplicar em seis meses, para fazer face ao problema - nomeadamente a recolocação em vários estados-membros de 160 mil pessoas com manifesta necessidade de protecção internacional. Até ao momento, menos de 300 pessoas foram recolocadas e apenas 4207 lugares foram efectivamente disponibilizados, por 17 estados-membros.

"A nossa capacidade de resposta foi objectivamente mínima", admite Carlos Coelho, atribuindo as causas à "falta de organização" e ao facto de "um conjunto de estados-membros" não quererem colaborar com este projecto. "Houve falta de solidariedade, não apenas para com os desgraçados que fogem da guerra e da destruição, mas também com os estados-membros da União Europeia (UE) que estão na linha da frente".

Uma situação que deveria funcionar como sinal de alarme também para Portugal, defende o eurodeputado. "Isso é terrível para Portugal, porque é um país que precisa de solidariedade europeia. Se hoje a solidariedade é negada à Grécia, à Itália, a Malta, amanhã também pode ser negada para Portugal no âmbito dos fundos comunitários ou de outros dossiês."

Cortar fundos a quem não contribui

Mas a solidariedade não pode ser imposta pela UE e as formas de pressão sobre os estados-membros são limitadas. "A pressão é aquela que temos estado a fazer, que é a pressão da opinião pública e das instituições", mas o caminho complica-se porque "a retórica populista e demagógica da extrema-direita está, nalguns países, a fazer ganho de causa e noutros países a atemorizar os governos, que estão a ter respostas securitárias e não respostas de integração".

A única via que sobra é cortar fundos a quem não contribui, afirma. "Não é legítimo a nenhum país comunitário querer tirar partido de fundos comunitários para o apoio aos refugiados se não está a colaborar com esse esforço. Assim como não é razoável que estados-membros venham à mesa do orçamento pedir ajuda para as suas fronteiras se objectivamente não estão a colaborar com o esforço europeu nesta gestão colectiva do fluxo de refugiados".

De acordo com o Eurobarómetro do Outono de 2015, a imigração é o problema mais importante com que a UE se depara actualmente para os cidadãos de quase todos os estados-membros - Portugal é o único dos 28 que coloca esta preocupação em segundo lugar, a seguir às finanças públicas.

Uma preocupação interna que não se resolve sem uma acção de mais largo alcance e que envolva "toda a comunidade internacional" num esforço para resolver o problema na origem, sustenta o eurodeputado. "Isso significa derrotar o auto-intitulado Estado Islâmico, devolver condições de paz à Síria, resolver o problema da Líbia, entre outros". Sem que isto aconteça, Carlos Coelho não tem dúvidas de que "vamos continuar a ter milhões de pessoas a fugir para a Europa e para outros destinos". Mais de um milhão de migrantes entraram no espaço europeu em 2015 - cinco vezes o número de 2014.

Comentários
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  • indignado
    12 jan, 2016 portugal 15:15
    eis o resultado das politicas de esquerda/direita que nos impuseram . estes imigrantes vieram-nos tirar a liberdade , e o pior é que vejo o psd , pcp , pan , cds , ps , be a aplaudirem os planos da merkel , para que a europa receba muitos mais milhoes de refugiados , num continente que nao tem emprego , nem ajuda os nossos pobres !
  • Afonso
    12 jan, 2016 Lisboa 11:16
    A Europa está entregue aos "bichos",os partidos do sistema(que des-governam há várias décadas)não só não resolvem os problemas dos europeus(que são quem afinal os elege)como ainda criam mais problemas.Não seria mais inteligente resolver a situação dos muitos europeus(e integrar os estrangeiros que já cá estavam e querem trabalhar e respeitar nossas leis e cultura)do que estar a "embarcar" para mais tempestades??
  • Manuel
    11 jan, 2016 Lisboa 14:01
    Milhões de pessoas de uma sociedade retrógrada, crentes numa religião patriarcal e sem qualquer objectivo de assimilar a cultura dos países acolhedores. O que aconteceu em Colónia vai continuar a acontecer. Quando 3 em 4 dos refugiados são homens que consideram as mulheres como seres inferiores, não é preciso ser um cientista para adivinhar. Isto nem é especulação. A violação de mulheres em campos de refugiados tem um número ridículo. O tratamento da mulher em países islâmicos não é segredo algum e agora isto em Colónia. Só não vê quem não quer.
  • JoseGomesL
    11 jan, 2016 Lisboa 11:17
    Comparar o incomparável, no fim da 2ªGG as pessoas tinham palavra e honra, podias-se entregar um cêntimo, ou um milhão a um desconhecido que esse desconhecido até procurava a pessoa para poder devolver o seu a seu dono. (Conheci gente dessa e posso provar) E o carácter destes refugiados???? em Portugal os poucos que cá chegaram até já exigem empregadas de limpeza, só para não deitarem o lixo pela janela para a rua.
  • Ricardo
    11 jan, 2016 Lisboa 10:51
    Continua-se com a mesma irracionalidade multicultural(que só acontece na Europa,não se passa isso na Asia nem na Africa,só na Europa é que temos esta tendência suicidária)em vez de acudir aos problemas que já temos em grande quantidade,curiosamente ambos os lados ideológicos(o sr Coelho é do psd e da familia política liberal-capitalista europeia que inclui a cdu da sra Merkel)procuram continuar com essa "agenda política" contra todas as evidências e contra a realidade dos últimos 8 anos(desde 2008)que é a miséria crescente e o desemprego em quase toda a Europa(incluindo os imigrantes europeus e os de fora da Europa).
  • REVOLTA
    11 jan, 2016 LISBOA 09:45
    SÓ FALTA DIZER QUE É A EXTREMA DIREITA QUE MANDOU AQUELES SELVAGENS ATACAR AS MULHERES EM VÁRIOS PAÍSES QUE TIVERAM A INFELIZ IDEIA DE ACOLHER!!!! ISTO É LAVAR O CERBERO AOS EUROPEUS, PARA SUSTENTAR COM A SUA LIBERDADE, COM A SUA IDENTIDADE, A GANANCIA DE GRANDES GRUPOS ECONOMICOS E FINANCEIROS E SUSTENTAR O CONFRONTO IDEIAS DA INDADE MÉDIA (MULÇUMANOS) E A CIVILIZAÇÃO (OCIDENTE)
  • 11 jan, 2016 Lisbos 09:33
    ESTA "GENTE" NÃO DESISTE DE IMPLEMENTAR O PLANO KALERGI E DESTRUIR A EUROPA, OS QUE SE ESTÁ A PASSAR COM O VANDALISMO DOS CHAMADOS "REFUGIADOS" PARA ELES NÃO INTERESSA!. PORTUGAL NÃO LHE SERVE DE EXEMPLO DA DESTRUIÇÃO DA NOSSA INDENTIDADE COM A INVASÃO QUE SOFREMOS? NÃO LHE CHEGA VER O QUE NINGUÉM IMAGINAVA QUE É VER ESQUADRAS PA POLÍCIA SEREM ASSALTADAS POR TRIBOS?? (CACÉM, ALFRAGIDE, BURACA, AMADORA), FORA O QUE É PROIBIDO DE SER DITO!!

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