03 fev, 2016 - 08:08
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, adverte para a possibilidade de um "fracasso" das negociações de paz que decorrem em Genebra, cujo início ficou marcado pela dificuldade de reunir os beligerantes.
As negociações começaram oficialmente na terça-feira, mas o dia ficou marcado pela confusão, evidenciando o fosso existente entre a diplomacia e a realidade no terreno.
Por um lado, o regime sírio afirmou não dispor de qualquer parceiro para negociar; por outro, a oposição exigiu medidas imediatas em prol dos civis e acusou a comunidade internacional de ser "cega" face à tragédia no país.
Staffan de Mistura alertou, por isso, para um eventual malogro em Genebra, após cinco anos de conflito. E avisou, numa declaração à rádio e televisão suíças: "Se houver um fracasso desta vez, não haverá mais esperança".
A delegação do regime de Damasco reuniu-se, ao longo de mais de duas horas, com o emissário das Nações Unidas, que, na segunda-feira, se encontrou com a oposição.
À saída da reunião, o embaixador sírio junto das Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, chefe da delegação, travou as esperanças relativamente a um rápido arranque nas negociações.
"Estamos ainda na fase preparatória. Estamos à espera de saber com quem vamos negociar e qual a ordem do dia", declarou, repetindo que a outra parte "não é séria", pois "não trata as questões como políticos profissionais".
A delegação do Alto Comité de Negociações (HCN), uma coligação de opositores do regime do Presidente sírio, Bashar Al-Assad, teceu, por seu turno, fortes críticas a Damasco e aos seus aliados, que consideram como "terroristas" alguns dos seus membros.
Na terça-feira, a oposição síria decidiu não participar numa reunião agendada para Genebra com o enviado especial da ONU, em jeito de protesto contra o agravamento da situação no país.
O conflito na Síria, que começou com protestos pacíficos em Março de 2011, transformou-se numa guerra civil e já provocou mais de 260 mil mortos e o desenraizamento de mais de metade da população. Por contabilizar fica o número de lealistas que desapareceram às mãos dos grupos rebeldes radicais, incluindo o autoproclamado Estado Islâmico.