06 fev, 2016 - 22:22
A Tunísia concluiu a construção de uma barreira ao longo da fronteira com a Líbia, meses depois dos ataques perpetrados contra um museu e uma estância turística que causaram dezenas de mortos.
O ministro da Defesa tunisino, Farhat Horchani, disse aos jornalistas que a construção de bermas e valas inundadas de água marca "um dia importante" para a Tunísia na luta contra "o terrorismo".
Dois atentados terroristas reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), no ano passado, mataram 59 turistas estrangeiros e responsáveis tunisinos afirmaram que os atacantes receberam treino na Líbia, onde o EI está muito activo.
"A Tunísia é capaz de lutar contra o terrorismo activa e eficientemente", disse Horchani, durante uma inspecção da barreira.
A Líbia vive uma situação de caos devido à guerra civil que se seguiu à revolução de 2011. Desde as últimas eleições, o país tem dois governos, um, em Tobruk, reconhecido pela comunidade internacional e outro, em Trípoli, apoiado por milícias tribais.
A infra-estrutura estende-se ao longo de cerca de 200 quilómetros, entre Ras Jedir, na costa mediterrânica, e Dhiba, a sudoeste, ou seja, metade do comprimento da fronteira entre os dois países vizinhos.
Horchai afirmou que a segunda fase do projecto inclui a instalação de equipamento electrónico, com a ajuda da Alemanha e dos Estados Unidos.
O responsável acrescentou que a barreira, que as autoridades da Tunísia designam como "sistema de obstáculos", já "provou a sua eficiência".
"Em várias ocasiões travámos e detivemos pessoas que estavam a contrabandear armas", disse.
Em Março passado, 21 turistas e um agente da polícia foram mortos num ataque armado contra o museu Bardo, em Tunes. Em Junho, um ataque numa estância turística perto de Sousse matou 38 turistas, incluindo uma portuguesa.
O EI também reivindicou um atentado suicida em Tunes, em Novembro, no qual morreram 12 guardas presidenciais.
Na altura, o ministro do Interior tunisino afirmou que o explosivo usado no ataque era idêntico aos utilizados no fabrico de cintos explosivos na Líbia, e que tinham sido apreendidos no ano passado.
Na sequência do atentado de Novembro, a Tunísia encerrou a fronteira com a Líbia durante 15 dias, e em Dezembro fechou o aeroporto internacional Tunes-Cartago aos aviões líbios, no âmbito de medidas de reforço da segurança.
Fontes oficiais indicaram que seis mil tunisinos saíram do país para lutar no Iraque, Síria e Líbia, e muitos escolheram juntar-se ao EI.