14 fev, 2016 - 12:34 • José Pedro Frazão
Os bons resultados de Donald Trump e Bernie Sanders no início das primárias republicanas e democratas nos Estados Unidos levam os comentadores do “Fora da Caixa” ao diagnóstico do mesmo “vírus”. O populismo está presente em Sanders e Trump, concluem António Vitorino e Pedro Santana Lopes.
“Pode não ser confirmada, mas à esquerda e à direita há uma tendência contra o sistema. O voto que está a ganhar é de protesto pelo protesto. Se chegará ao fim é a grande questão”, diz o antigo ministro socialista na Renascença. “São dois candidatos populistas que tentam ganhar no mesmo caldo de cultura anti-sistema, com pressupostos diferentes, como é evidente. Quem é que nos diria que na América do século XXI haveria um candidato que se dizia socialista?”, questiona Vitorino.
O antigo comissário europeu sublinha a popularidade de Bernie Sanders entre o eleitorado jovem. “Hillary Clinton está a ter dificuldade em mobilizar o voto jovem exactamente porque representa o 'establishment', uma família aristocrática da política americana. O que há ali é um cadinho de contestação ao sistema, às elites em geral, o que é também uma forma de populismo, no caso à esquerda”, descreve o socialista António Vitorino.
Santana Lopes ilustra esta conclusão com um exemplo pessoal. “Tenho um filho a estudar em Harvard, foi para os Estados Unidos como fã da senhora Clinton e diz que não há ninguém entre os jovens na universidade que tenha paciência para a senhora Clinton!”, confessa na Renascença.
E Trump? O militante do PS fala num ultra-liberal, “o homólogo de Sanders para a direita. A lógica anti-imigração, contra Wall Street, quem fala mais contra Wall Street são Sanders e Trump”, diz Vitorino. Pedro Santana Lopes admite que nalguns pontos há “populismos convergentes” entre Sanders e Trump, mas admite uma diferença entre ambos. “Apesar de tudo, Sanders fala genuinamente contra os poderosos e o senhor Trump fala também contra os desprotegidos e contra as comunidades hispânicas e imigrantes”, ressalva o antigo primeiro-ministro.
Santana diz que essas tendências expressam-se em vários pontos do mundo. “Na prática temos os Estados Unidos, Pablo Iglesias, o Syriza, não falo de Portugal, Jeremy Corbyn com manifestações anti-sistémicas”, constata o antigo líder do PSD.
E novos candidatos? Pode ser que apareçam, concordam Vitorino e Santana. “Estão de facto criadas condições para poderem aparecer outros. Mas vamos ver a capacidade de recuperação da senhora Clinton”, remata o antigo primeiro-ministro, admirador da antiga secretária de Estado norte-americana.
cing>Mas também “tu e eu e a relação, porque em psicologia familiar a relação é um ‘ente’ também que há que cuidar e esperar que esteja pronta antes de dar qualquer passo mais decisivo. Para além de eu poder estar pronta ou a outra pessoa estar pronta, é preciso também que a relação amadureça, cresça e esteja pronta para investir no futuro”.Este tema vai ser desenvolvido no programa “Princípio e Fim” da Renascença, este domingo, a partir das 23h30.