17 fev, 2016 - 19:43
Quase um milhão de crianças na África Oriental e Austral sofre de "desnutrição aguda grave" depois de dois anos de seca, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF.
As crianças das regiões leste e sul do continente enfrentam uma situação de falta de alimentos e de água, agravada pelo aumento dos preços, que força as famílias a saltarem refeições e a venderem os bens que têm para adquirir alimentos.
A "desnutrição aguda grave" é definida como fome extrema e é a principal causa de morte das crianças até aos cinco anos no mundo, segundo a UNICEF.
Angola é um dos países que suscitam a preocupação da ONU, com cerca de 1,4 milhões de pessoas afectadas por condições meteorológicas extremas e cerca de 800.000 a necessitar de ajuda alimentar, a maioria nas províncias mais áridas do sul do país.
A agência da ONU apelou, esta quarta-feira, para fundos humanitários de emergência para sete países, sendo os principais de 78 milhões de euros para a Etiópia, 23,3 milhões para Angola e 13,4 milhões para a Somália.
El Niño tem custos
"O fenómeno meteorológico El Niño vai diminuir, mas o custo para as crianças - muitas das quais já lutavam pela sobrevivência - será sentido durante anos", disse a directora regional da UNICEF, Leila Gharagozloo-Pakkala, citada pela agência France Presse.
"Os governos respondem com os recursos disponíveis, mas esta é uma situação sem precedente. A sobrevivência das crianças depende de acções a tomar hoje", acrescentou.
Lesoto, Zimbabué e a maior parte da África do Sul declararam emergência de seca.
Na Etiópia, o número de pessoas a precisar de ajuda alimentar deve aumentar este ano de 10 milhões para 18 milhões, e no Malaui a situação é a mais grave dos últimos nove anos, com 2,8 milhões de pessoas, mais de 15% da população, em risco de desnutrição aguda grave.
"As estatísticas são impressionantes", disse Megan Gilgan, consultora da UNICEF. "A situação deve agravar-se ao longo deste ano e em 2017".
O Programa Alimentar Mundial (PAM) já tinha alertado em Janeiro que 14 milhões de pessoas podem ficar sem comida suficiente este ano na África Austral.