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Assad. “Não há guerras boas"

20 fev, 2016 - 21:16 • José Carlos Silva

Presidente da Síria agradece ajuda militar russa que permitiu recuperar posições ao Estado Islâmico. Guerra civil faz cinco anos.

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“As vítimas são um problema de todas as guerras”, afirma o Presidente sírio, em entrevista ao jornal “El País”.

Bashar al-Assad garante sentir “tristeza pela morte de todos os civis inocentes” no conflito sírio, mas acrescenta que “a guerra é assim”. Considera que “as guerras são más, não há guerras boas, porque haverá sempre civis e inocentes a pagar o preço”.

Nesta entrevista, Bashar al-Assad diz que pretende, daqui a 10 anos, ser encarado como o homem que salvou a Síria, mas que isso não significa que nessa altura continue a ser presidente.

“Estou a falar da minha visão sobre esse período. A Síria estará bem e eu serei a pessoa que salvou o país. Essa é actualmente a minha tarefa e o meu dever (…). Não me interessa a minha presença no poder, para mim é o povo Sírio que quer quem está no poder, e então se assim for, estarei, senão, não estarei. Se não posso ajudar o meu país, devo ir-me embora” acrescentou al-Assad.

Sobre a trégua na Síria, anunciada a semana passada pela Rússia e Estados Unidos, o Presidente diz estar disponível para respeitar o cessar-fogo de imediato, ou melhor, “um cessar das operações”. É importante, mas não chega para o Presidente sírio: “É preciso impedir que os terroristas se aproveitem da suspensão das operações para melhorarem as suas posições, e é preciso também impedir a Turquia de enviar mais homens e armas ou dar qualquer tipo de apoio logístico aos terroristas”.

Na entrevista ao El País, al-Assad disse também que "há 80 países que apoiam os grupos terroristas na Síria" e admitiu que a ajuda russa (desde Setembro do ano passado) e iraniana foi fundamental para que o Exército sírio pudesse recuperar algumas posições ao auto-proclamado Estado Islâmico.

A guerra na Síria já dura há cinco anos e a ONU contabiliza pelo menos 260 mil mortos e cinco milhões de refugiados. Diz al-Assad na entrevista que "é uma das partes mais tristes do conflito sírio; ver as pessoas a deixarem o país por razões diferentes".

"Mas, como governantes, temos de saber o que fazer. Como? Há aqui duas questões. Primeiro, o terrorismo. Os terroristas não só ameaçam pessoas como lhes negam as necessidades básicas para viver. Em segundo lugar, o embargo à Síria implementado pelo Ocidente tem causado muitas dificuldades a quem vive cá, especialmente no que toca à saúde. Temos de lidar com estas questões para evitar que o conflito se arraste", defendeu.

Os refugiados podem voltar sem medo de represálias por parte do Governo? "Claro que podem,está no seu direito, a não ser que se trate de alguém que seja terrorista e assassino."

Sobre o relatório da ONU que acusa o governo sírio de praticar tortura nas suas prisões, al-Assad afirma que os dados que o sustentam são baseados em "propaganda" recolhida pelo Qatar. "Esse é o problema com o Ocidente e a propaganda; utilizam informações não-confirmadas para acusar a Síria e para a culpar e agir contra ela."

Esta entrevista, publicada na íntegra este domingo, foi, segundo o “El País”, conduzida sob fortes medidas de segurança em Damasco.

Comentários
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  • Paulo
    21 fev, 2016 vfxira 19:23
    É uma questão de tempo para lhe acontecer o mesmo que ao sadan e ao kadafi.
  • victor
    21 fev, 2016 lx 12:13
    Infelizmente só o governo sírio é um governo laico.Os cristãos só são defendidos por este governo.O resto são grupos islâmicos fanáticos,religiosos, dos tais que cortam cabeças e enviam os filmes para a net...,só não vê quem não quer ver.
  • António Costa
    21 fev, 2016 Cacém 04:39
    Salvar a Síria? Como disse "um amigo seu" da Arábia Saudita, quando um dirigente no Médio Oriente "perde", perde também a cabeça. O Sr. Bashar al-Assad está apenas a "tentar conservar" a sua e dos seus.

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