09 mar, 2016 - 14:20
As fogueiras são uma das únicas maneiras que os refugiados têm de afastar o frio no campo de Idomeni, na fronteira da Macedónia com a Grécia. Mas a lenha escasseia e, por isso, os habitantes queimam tudo o que arda, incluindo roupa antiga, plástico e lixo. O resultado é fumo tóxico que faz mal a todos, mas pode afectar de modo particular os mais vulneráveis, incluindo as crianças.
A situação dos menores e, sobretudo, dos recém-nascidos está a preocupar seriamente a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que presta apoio aos refugiados. Os partos são feitos em hospitais públicos, mas os pais regressam logo que podem para os campos, com medo de perderem o lugar no caso, cada vez mais improvável, de as fronteiras serem abertas.
“Muitos bebés do campo estão vulneráveis às infecções respiratórias”,
disse à agência Reuters Christian Reynders, um dos coordenadores dos MSF em Idomeni.
O resultado é que os profissionais da organização assistem cerca de 60 crianças por dia, sofrendo de infecções, dos efeitos do frio, da sujidade em que vivem e do fumo das fogueiras.
“Há poucos minutos vi um bebé de três meses que pesava apenas três quilos”, conta uma enfermeira. O peso normal nessa idade seria o dobro. “Depois de darem à luz, os pais regressam com eles para o campo. Temem perder o lugar para atravessar a fronteira. Muitos sofrem de subnutrição”.
O último balanço aponta 360 mil refugiados e migrantes “encalhados”
junto à Grécia, pois os seus planos de seguirem viagem para norte da Europa
foram travados devido ao fecho de fronteiras dos países dos Balcãs.
A situação dos refugiados não parece ter solução à vista. Os países europeus não querem abrir as fronteiras e dezenas de milhares encontram-se ainda nos campos, aguardando uma hipótese para partir e contemplando o risco de fazer a viagem clandestinamente, por terra ou por mar.
O balanço recente da Organização Internacional das Migrações (OIM) revela que mais de 110 mil migrantes e refugiados alcançaram a Grécia e a Itália desde o início deste ano. “Mais de 410 morreram no mesmo período. A rota do Mediterrâneo, que depois os leva da Grécia à Turquia, continua a ser a mais mortal”, pode ler-se no mesmo texto.