11 mar, 2016 - 08:26
O advogado de defesa do antigo Presidente do Brasil Lula da Silva considera que os procuradores do Estado de São Paulo que pediram a prisão preventiva do seu constituinte pretendem "amordaçar um líder político".
"Buscou-se, de facto, amordaçar um líder político, impedir a manifestação do seu pensamento e até mesmo o exercício de seus direitos", afirmou Cristiano Zanin Martins, numa nota enviada à agência Lusa em São Paulo, na quinta-feira – o mesmo dia em que três procuradores do Ministério Público de São Paulo anunciaram ter pedido a prisão preventiva de Lula.
Os promotores acusam-no do crime de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica, por ter alegadamente ocultado a propriedade de um apartamento tríplex no Guarujá, no litoral daquele estado brasileiro. Segundo o Ministério Público estadual, foram reunidas “provas testemunhais e documentais" que atestam que o imóvel estava reservado para o ex-Presidente.
O advogado de Lula da Silva tem outra opinião e considera que o pedido da prisão preventiva foi fundamentado em alegações que revelam uma tentativa de banalização do instituto da prisão preventiva, uma vez que Lula jamais se colocou contra as investigações.
"Não dispõem de um facto concreto para justificar as imputações criminais feitas ao ex-Presidente e aos seus familiares. Não caminharam um passo além da hipótese. Basearam a acusação de ocultação de património em declarações opinativas", sustenta.
Esta não é a primeira suspeita de crime que relaciona a propriedade do apartamento de luxo no litoral paulista com Lula. O imóvel também está a ser investigado no âmbito da Operação Lava Jato, que apura denúncias de corrupção na petrolífera brasileira Petrobras.
Na semana passada, o Ministério Público Federal publicou um comunicado no qual revelava a existência de evidências de que o ex-Presidente recebeu, em 2014, pelo menos um milhão de reais (247 mil euros), sem aparente justificação económica lícita, da construtora OAS, através de obras no apartamento de Guarujá.
Lula, "um Mandela" na América do Sul?
O Presidente da Venezuela já condenou o pedido de prisão preventiva para o ex-Presidente do Brasil e considerou que a detenção faria dele um Nelson Mandela da América do Sul.
"Lula será como um Mandela no continente", afirmou.
Num acto público em Caracas transmitido pelo canal estatal, Nicolás Maduro sublinhou que Lula da Silva foi "um dos protagonistas das mudanças no continente" e criticou que no Brasil pretendam, "por vias judiciais", dar "golpes de Estado" contra protagonistas que lutaram contra iniciativas fracassadas que levaram à "destruição do aparelho industrial em vários países" da América Latina, como a Zona de Livre Comércio para as Américas (Alca), promovida pelos Estados Unidos.