13 mar, 2016 - 22:23
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da “Lava Jato”, manifestou-se "tocado" com o apoio à investigação que está a liderar, demonstrada durante os protestos de hoje contra a Presidente brasileira e o antecessor, Lula da Silva.
"O povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte das nossas instituições e do mercado. Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lava Jato", disse Sérgio Moro num comunicado citado pela imprensa.
O juiz destacou "o trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário".
"É importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando as nossas instituições e cortando, sem excepção, na própria carne, pois actualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controlo", referiu.
"Não há futuro com a corrupção sistémica que destrói nossa democracia, o nosso bem-estar económico e a nossa dignidade como país", sublinhou.
Sérgio Moro tem lamentado publicamente que o poder público brasileiro não tenha tomado qualquer iniciativa relevante para melhorar a legislação do país contra a corrupção após a eclosão da Operação Lava Jato.
Em Curitiba, sede das investigações, manifestantes colocaram nas ruas 10 mil máscaras em homenagem ao juiz, segundo a brasileira.
Na manifestação deste domingo, realizada em vários pontos do Brasil e do estrangeiro, a favor da impugnação de Dilma Rousseff e contra Lula da Silva e o partido que apoia ambos, o Partido dos Trabalhadores (PT), o juiz foi um dos nomes mais ovacionados, bem como a Polícia Federal.
Mais do que preocupações com a crise económica e críticas às políticas do executivo, os manifestantes falaram em defesa da justiça e contra a corrupção, numa altura em que Dilma Rousseff se encontra cada vez mais isolada, sobretudo depois das recentes alegações de corrupção dirigidas ao ex-Presidente Lula da Silva.
O partido centrista brasileiro PMDB, aliado decisivo da esquerda no poder, anunciou este sábado um prazo de 30 dias para decidir se rompe ou mantém o apoio à Presidente Dilma Rousseff, ameaçada com um procedimento parlamentar de destituição.
A 4 de Março, Lula da Silva foi detido para prestar esclarecimentos, tendo sido libertado cerca de três horas depois.
As autoridades investigam a relação do ex-Presidente e dos seus familiares com construtoras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.