14 mar, 2016 - 23:00
O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva admitiu, em depoimento prestado a 4 de Março e agora reproduzido na imprensa, que funcionários do Instituto Lula possam ter pedido doações a empresas da investigação “Lava Jato”.
Em resposta às perguntas da Polícia Federal no âmbito da 24ª fase da Operação “Lava Jato”, o ex-chefe de Estado disse que negou ter procurado qualquer empresa envolvida na investigação de corrupção para pedir doações ao instituto com o seu nome, mas admitiu que funcionários daquela entidade possam ter pedido dinheiro "a todas" as empresas.
No depoimento, o ex-Presidente mostrou-se irritado: "no mundo desenvolvido isso já é uma coisa normal, ou seja, não é nem vergonha, nem crime, alguém dar dinheiro para uma fundação, aqui no Brasil a mediocridade ainda transforma tudo em coisas equivocadas".
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal acreditam ter encontrado indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, que pertence ao ex-Presidente.
Segundo o MPF, o instituto recebeu de empreiteiras investigadas na “Lava Jato” cerca de 20 milhões de reais (4,96 milhões de euros) em doações e a LILS Palestras recebeu 10 milhões de reais (2,48 milhões de euros).
Os responsáveis pela investigação querem descobrir se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma legal.
O Instituto Lula transferiu parte do dinheiro para empresas de filhos do ex-Presidente, e o MPF quer apurar se os serviços foram efectivamente prestados.
Questionado sobre as doações para as suas campanhas, Lula respondeu que "um Presidente da República que se preze não discute dinheiro de campanha, se ele quiser ser presidente de facto e de direito ele não discute dinheiro de campanha".
Em resposta à Polícia Federal, o ex-líder brasileiro afirmou que decidiu não comprar o apartamento em Guarujá por considerá-lo inadequado para viver com a família.
Lula classificou a investigação sobre o apartamento de "sacanagem homérica" e criticou a imprensa por, segundo ele, lhe atribuir a propriedade do imóvel.
Sobre o sítio em Atibaia, Lula referiu que o imóvel pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna, "com registo em cartório em Atibaia, comprado com cheque administrativo" e que isso já foi provado.
Quanto às remunerações por palestras, Lula disse que as empresas interessadas procuram o Instituto Lula e que ele cobra 200 mil dólares (180 mil euros).