21 mar, 2016 - 10:02 • Teresa Almeida
O especialista em política internacional Tiago Moreira de Sá considera que o Presidente Barach Obama, deixa, com a visita a Cuba, o seu marco na história, tal como Richard Nixon o fez quando se deslocou à China.
"Tal como a história recordou Nixon como homem que foi à China, Obama será recordado com o homem que foi a Havana”, diz o investigador do Instituto de Politica e Relações Internacionais (IPRI), em declarações à Renascença.
Tiago Moreira de Sá diz que esta visita de Obama é de um pequeno passo, mas que poderá levar a grandes mudanças no país dos irmãos Castro, ainda que a chegada de uma democracia sólida ainda esteja demorada.
"Para as coisas correrem bem, não é boa ideia estar a falar em mudança de regime. O que tem de se fazer é escolher três ou quatro bandeiras e lutar por elas”, defende o analista, apontando como "bandeiras" a libertação de presos políticos, o fim da perseguição politica, abertura maior à privatização e o respeito pelos direitos humanos essenciais.
"Só depois haverá mudança politica e essa terá de vir de dentro, mas não será fácil. Presumo que irá levar tempo”, diz o investigador do Instituto de Politica e Relações Internacionais (IPRI), antevendo que serão os jovens cubanos que não sejam produto da Guerra Fria que poderão vir a fazer a transição para a democracia.
Moreira de Sá sustenta que a visita de Obama a Cuba constitui também que "as coisas estão a correr bem num processo em que poucos acreditavam, mas que se vai concretizando”. Agora, só falta que que o levantamento das sanções seja efectivo e, "para que isso se concretize, é preciso que o Congresso o permita, porque Obama fez tudo o que um Presidente poderia ter feito, e fê-lo muito bem, concedendo tudo o que podia dentro dos seus poderes”.
Para To anlista do IPRI, o levantamento do embargo foi muito importante porque “agora, Cuba já não tem a grande desculpa do regime para não mudar nada".
"Havia um inimigo externo, que ainda por cima eram os EUA, que levava a que o país fosse economicamente atrasado”, recorda o especialista, sublinhando que o argumento não explica tudo, porque "os problemas económicos em Cuba são problemas políticos e muito sérios, que têm a ver com problemas internos que não serão fáceis de alterar enquanto os irmãos Castro estiverem no poder”.