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Jovem português cria organização para levar mais crianças à escola em zonas de conflito

27 mar, 2016 - 10:15

José Figueiredo criou a organização “A Book Can Change” e quer pôr as pessoas a doar dinheiro para projectos concretos de construção de escolas, de casas de banho e de recreios escolares e ainda o financiamento do percurso escolar de alunos ou de formação a professores.

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O português José Figueiredo criou uma organização sem fins lucrativos para aumentar o número de crianças que vão à escola nas zonas de conflito armado: a primeira conquista será a construção de um recreio no Líbano.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 40% das crianças que não vão à escola vivam em regiões de conflito armado e é precisamente para combater esta estatística que a organização “A Book Can Change” existe, dando seguimento ao “quarto Objectivo do Milénio” da ONU de garantir que, até 2030, todas as crianças completam o ensino primário e secundário de qualidade.

José Figueiredo, 27 anos, tem no percurso paragens em vários continentes: em 2011, foi para Londres, depois para São Paulo, onde em 2013 lançou a sua primeira empresa tecnológica. Já com vontade de regressar à Europa, foi para Berlim e as pessoas que ali conheceu levaram-no para a Nigéria, onde instalou uma empresa de comparação de serviços financeiros.

Regressar para um projecto de impacto social
Já no final de 2015, decidiu que era tempo de voltar a Portugal e de "usar as [suas] capacidades para lançar um projecto com um impacto social", concluindo que educação e guerra são dois temas que lhe interessam e que era aqui que queria actuar.

"A educação foi algo que sempre tive como garantido, nunca sequer pensei o que seria não ter tido educação. E, quando percebi que há crianças que nunca terão oportunidade de ir à escola, vi que estas crianças ficam entregues ao destino", afirmou, acrescentando que "a maior barreira à educação hoje em dia tem a ver com conflito armado".

Foi com estas duas realidades na cabeça que começou a idealizar a “A Book Can Change”, uma organização sem fins lucrativos que acredita que um livro pode mesmo fazer a diferença.

O primeiro objectivo é a construção de um recreio numa escola em Bekaa Valley, no Líbano, junto à fronteira com a Síria, onde José esteve em Dezembro de 2015. Actualmente, o Líbano acolhe mais de um milhão de refugiados sírios e cerca de metade são crianças.

Mas, antes de ir, houve um caminho a percorrer, que será replicado em todos os projectos. O primeiro passo é identificar uma região em conflito e as organizações que lá operem e que forneçam serviços educativos semelhantes.

Escolas para quem não as tem
Em causa estão construções de escolas, de casas de banho e de recreios escolares e ainda o financiamento do percurso escolar de alunos ou de formação a professores.

Seleccionado o projecto, a “A Book Can Change”, vai ao local, faz um documentário e depois promove o projecto na sua plataforma “online” para angariar os fundos necessários.

Esta plataforma “online”, que está agora em fase de construção, é um “site”; de "doação directa" para as causas apoiadas, "mas tem uma característica exponencial de doação", conta José Figueiredo, dando um exemplo de família.

"Quando a minha mãe fez 50 anos, convidou os amigos e à entrada do restaurante colocou três caixas, uma para cada instituição. No convite, disse que não queria presentes e pediu aos amigos para fazerem uma doação para uma das instituições", relatou José, concluindo que "a ideia é pegar neste conceito e passá-lo para o digital".

Personalizar a doação

Ou seja, quem quiser financiar a construção de uma escola nestes locais pode fazer um donativo directamente, mas pode também criar um perfil, definir um objectivo monetário e convidar a sua rede de contactos a doar também para que, juntos, cumpram aquele objectivo.

Angariado o dinheiro, começa a fase da construção - nove meses para uma escola, por exemplo - e depois, passado este tempo, há uma nova visita para confirmar que o projecto foi executado e para realizar "um relatório detalhado" para os financiadores.

Questionado sobre onde quer estar daqui a três anos, a resposta de José foi simples: "Eu não sei onde quero estar, mas quero que a “A Book Can Change”; esteja a funcionar perfeitamente, a construir muitas escolas e a levar muitas crianças para a escola".

Comentários
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  • manuel martins ponci
    27 mar, 2016 torres vedras 13:39
    Creio que é da máxima urgência que se trate do corpo e da inteligência: o corpo precisa urgentemente de pão; a mente precisa de ser trabalhada com uma educação bem organizada que começa com os espaços educativos adequados. Vamos nisso. Daí dar os meus parabéns bem sinceros já que também estou envolvido num projeto de apoio a Sírios bem como a Tailandeses e Nepaleses. Contem comigo que enquanto houver disponibilidade física e mental não me negarei a passar para a ribalta. Parabéns desde já por este projeto que é de louvar.

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