28 mar, 2016 - 21:44
O ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta segunda-feira, em conferência de imprensa, que "vê com certa tristeza" a possibilidade do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) abandonar a coligação governamental.
"Vejo com certa tristeza o PMDB indicar que pode sair do governo, mas os ministros [deste partido que ocupam sete pastas] não vão deixar o Governo e (a Presidente) Dilma Rousseff também não quer que eles saiam", disse Lula da Silva no encontro com jornalistas estrangeiros.
O PMDB é o principal aliado da coligação da Presidente Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores (PT) no Congresso, já que conta com uma bancada de 69 deputados federais e 18 senadores. O vice-presidente Michel Temer é do PMDB.
Analistas e membros do Governo já admitiram, porém, que ficará mais difícil barrar o processo de destituição de Dilma Rousseff, analisado por uma comissão especial na Câmara dos Deputados, se o partido sair da coligação.
A saída ou não do PMDB da coligação do governo federal será decida numa reunião a realizar terça-feira em Brasília.
Questionado sobre esta possibilidade, Lula da Silva não fez projecções sobre o assunto, mas argumentou que a decisão do PMDB tem que ser clara.
"Se for sair por causa da política económica ele [PMDB] tem que dizer isso. Se a saída da base aliada [coligação] for motivada por outras coisas podemos negociar e até chegar a um acordo. Eu sei que ninguém gosta de apoiar um Governo quando não está bem na opinião pública", salientou.
Lula da Silva recordou que no seu mandato presidencial não tinha o apoio coeso do PMDB, que classificou como instituição política com grande força regional, mas com visões internas distintas.
"Teremos que fazer o mesmo que eu fiz em 2003. O Governo irá construir uma base parlamentar com o PMDB e ter uma espécie de coligação sem a gestão (do partido). Eu não sei se isso é possível", disse.
Lula da Silva concluiu frisando que mesmo que a ruptura seja concretizada, ele e outras pessoas vão continuar a conversar e tentar fazer acordos com membros do PMDB.