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Espanha. Iglesias renuncia a lugar no governo para facilitar acordo à esquerda

30 mar, 2016 - 16:17

País realizou eleições gerais há 101 dias e restam 33 para que os partidos consigam chegar a um acordo, evitando assim nova ida às urnas.

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O líder do partido de esquerda espanhol Podemos insistiu esta quarta-feira num "governo de coligação de esquerda" para Espanha, com o socialista PSOE mas sem o Cidadãos (centro-direita), e renunciou a integrar esse governo se a sua presença for "um obstáculo".

"A via mais eficaz, simples e possível [para que haja um governo progressista em Espanha] é da via dos 161", disse Pablo Iglesias, numa referência ao número de deputados que somariam PSOE (90), Podemos (69) e Izquierda Unida (2) numa futura votação de investidura.

Pablo Iglesias falava no final de uma reunião com o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, no Congresso dos Deputados, para discutir eventuais acordos para formação de Governo. Espanha realizou eleições gerais há 101 dias e restam 33 para que os partidos consigam chegar a um acordo, evitando assim nova ida às urnas.

"Com este apoio de 161 deputados no Congresso teríamos um governo de coligação progressista e esta fórmula é muito mais segura e eficaz do que a via dos 130, que já mostrou que não serve. O melhor para Espanha é seguir para os 161", salientou Pablo Iglesias. A referência do secretário-geral do Podemos aos 130 deputados prende-se com o acordo do PSOE com o Cidadãos (40 deputados), chumbado na primeira sessão de investidura de Pedro Sánchez, no início do mês.

Logo após as primeiras reuniões do Rei Felipe VI com os partidos para a formação de governo, o Podemos tinha oferecido ao PSOE a formação de um executivo de esquerda, com Pedro Sánchez como presidente, Iglesias como vice-presidente e cinco ministérios para a formação de esquerda radical. Agora, Iglesias aceitou renunciar a ser vice-presidente.

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"Se a minha presença é uma dificuldade, então estou disposto a ceder e a não estar nesse governo. Para defender a justiça social, a presença do Podemos nesse governo é essencial, mas se o problema que tem o PSOE é a minha presença, então saio", afirmou Pablo Iglesias.

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No entanto, salientou que a vice-presidência desse futuro governo seria do Podemos, já que defendeu um executivo "proporcional" ao número de votos que cada votação obteve a 20 de Dezembro.

O líder do Podemos acrescentou que passará a liderar o grupo de negociações com o PSOE e outros partidos para formar um governo à esquerda e salientou que agora os socialistas "já não têm mais desculpas".

"Agora toca ao PSOE ceder um pouco e explorar a via dos 161", afirmou.

Sobre o pacto dos socialistas com o Cidadãos, Iglesias disse ter transmitido a Pedro Sánchez que respeita esse acordo, mas sublinhou que "já demonstrou não servir como acordo de governo".

"As duas tentativas de investidura demonstram que não serve. Mas tomámos nota da boa disposição do Cidadãos, e pensamos que pode vir a viabilizar - pela activa ou pela passiva - um governo de esquerda", disse Iglesias, acrescentando que está disponível para reunir-se com o líder do Cidadãos, Albert Rivera.

O Podemos pede ao Cidadãos que se abstenha ou vote a favor num governo de coligação de esquerda entre o PSOE, o Podemos e a Izquierda Unida, mas rejeita estar num executivo com a formação de centro-direita.

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