05 abr, 2016 - 17:03
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O primeiro-ministro da Islândia Sigmundur Gunnlaugsson, envolvido no caso “Panama Papers”, demitiu-se esta terça-feira do cargo, anunciou o seu Partido Progressista que lidera a coligação no poder.
Antes desta decisão, o Presidente da Islândia tinha anunciado numa comunicação televisiva a sua recusa em dissolver o parlamento do país, contrariando um pedido nesse sentido emitido por Gunnlaugsson.
Ao regressar precipitadamente de uma viagem privada aos Estados Unidos, o Presidente Olafur Ragnar Grimsson explicou numa declaração televisiva que antes de qualquer decisão pretende designadamente consultar o Partido da Independência, aliado do primeiro-ministro e do seu Partido do Progresso, para conhecer a posição desta organização política.
"Recusei assinar uma declaração destinada à dissolução do Parlamento e informei o primeiro-ministro que não poderia consenti-la antes de me reunir com os responsáveis de outros partidos para conhecer a sua posição", declarou.
O chefe do executivo tinha ameaçado dissolver o Parlamento caso o seu aliado Partido da Independência optasse por abandonar a coligação governamental.
Na segunda-feira, Gunnlaugsson tinha excluído demitir-se após a revelação de que possui bens dissimulados num paraíso fiscal, no âmbito da publicação dos “Panama Papers”.
A oposição de esquerda exigiu o seu afastamento logo após a divulgação dos documentos, nos quais se refere que terá criado em 2007 uma sociedade com a sua mulher nas ilhas Virgens britânicas para gerir a sua fortuna.
De acordo com os documentos publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), Gunnlaugsson, 41 anos, deteria 50% da sociedade envolvida até ao final de 2009. Quando foi eleito pela primeira vez deputado, em Abril de 2009, na qualidade de líder do Partido Progressista, omitiu essa participação na sua declaração de património.
Na noite de segunda-feira a oposição convocou uma manifestação frente ao Parlamento para exigir a demissão do primeiro-ministro.
Após um governo social-democrata, que subiu ao poder na sequência do colapso económico da Islândia em 2008, Gunnlaugsson garantiu o cargo de primeiro-ministro em 2013 com o apoio do Partido da Independência, cujo líder, Bjarni Benediktsson, actual ministro das Finanças, também surge nos “Panama Papers”.