20 abr, 2016 - 13:13
O presidente do Conselho de Administração da Bial, Luís Portela, considerou que o relatório sobre o ensaio clínico em França, divulgado terça-feira, confirma que "não era previsível" a morte de um dos voluntários, mas que é ainda "inconclusivo".
Em Braga, à margem de um colóquio sobre ensaios clínicos, promovido pelo Health Cluster Portugal, Luís Portela admitiu que a morte do voluntário, no decorrer de um ensaio clínico que testava uma nova molécula com actuação ao nível do sistema nervoso central, está "obviamente" relacionada com aquela molécula, mas que não está explicado porque é que teve aquele resultado naquele voluntário, que entrou em morte cerebral, e nos outros não.
Portela admitiu ainda existirem algumas "imprevisões" no dossiê do ensaio, mas salientou que o que aconteceu em França são "acidentes de percurso" para os quais uma empresa de investigação como a Bial tem de estar preparada.
Segundo o presidente do conselho de administração da farmacêutica portuguesa, o referido relatório "também confirma que o protocolo do ensaio foi bem desenhado", embora, admita, "o dossiê tenha algumas imprevisões mas que não tem nada a ver com o que aconteceu" pelo que, concluiu, "são inconclusivas" as considerações do texto.
Questionado sobre se o resultado daquele ensaio clínico põe em causa o trabalho da Bial, Luís Portela considerou que não. "São acidentes de percurso, lamentamos muito o que aconteceu, mas temos que estar, como empresa de investigação, preparados para estas coisas que podem acontecer", respondeu.
Luis Portela garantiu ainda que a Bial disponibilizou "todos os dados" sobre a investigação apenas salvaguardando os dados dos voluntários no ensaio. "Facultamos todos os dados e autorizamos as autoridades francesas a divulgar esses dados junto das autoridades europeias, mas entendemos preservar a divulgação desses dados em termos públicos porque, por um lado, estamos a trabalhar por um produto patenteado, por outro lado, para preservar os dados dos voluntários", explanou.
Entretanto, num comunicado, a farmacêutica faz saber que "o apuramento de forma rigorosa e exaustiva do que se passou no ensaio clínico com o composto experimental BIA 10-2474 constitui uma prioridade para a Bial desde a ocorrência do incidente".