21 abr, 2016 - 12:08
O presidente do Cidadãos (centro-direita), Albert Rivera, propôs esta quinta-feira um Governo em Espanha suportado pelo PP (direita, actualmente no poder), os socialistas do PSOE e pelo seu próprio partido, mas liderado por um independente.
A 11 dias do fim do prazo para que os deputados espanhóis escolham um presidente do Governo (findo o qual Espanha parte para novas eleições, a 26 de Junho), Rivera apelou ao líder do PP e presidente do Governo em funções, Mariano Rajoy, e ao candidato socialista, Pedro Sánchez, para que "dêem um passo para o lado".
"Se os líderes [do PP, PSOE e Cidadãos] constituem o problema, dêmos um passo ao lado. Eu sou o primeiro", declarou Rivera, numa entrevista à cadeia de televisão espanhola Telecinco.
O PP de Rajoy (123 deputados) ganhou as eleições legislativas espanholas de 20 de Dezembro, mas sem maioria absoluta, abrindo caminho a acordos dos outros partidos para formação de Governo. No entanto, o segundo classificado - o PSOE de Pedro Sánchez (90 deputados) - apenas conseguiu um acordo com o Cidadãos (40 assentos), insuficiente para passar em duas votações na sessão de investidura do mês passado.
Os "populares" sublinham que qualquer Governo deve ser liderado pelo partido mais votado, enquanto o PSOE sustenta que quem ganhou em Espanha "foi a vontade de mudança", afirmando-se assim Pedro Sánchez como o candidato a presidir a um Governo com formações à esquerda e à direita, mas sem o PP.
Um independente a liderar
Já o Cidadãos, apesar do acordo com o PSOE, nunca pôs de lado negociar com o PP desde que houvesse uma mudança de liderança nos "populares", com a saída de Rajoy.
Por outro lado, Rivera sempre criticou Rajoy e Sánchez pelas "agendas pessoais", que impediram uma "grande coligação à alemã" com PP, PSOE e Cidadãos, todos eles partidos que defendem a unidade de Espanha e uma reforma da constituição que não inclua a possibilidade de independências regionais.
Fora destas contas, mas essencial em qualquer votação, está o Podemos (69 deputados), que propôs ao PSOE um Governo de coligação à esquerda, incluindo membros do partido de Pablo Iglesias e da Izquierda Unida.
"Se os personalismos estão a bloquear, sejamos então capazes de falar de um Governo liderado por um independente", sublinhou Rivera.
As sondagens indicam que quase todos os partidos - à excepção do PP e dos comunistas da Izquierda Unida - descem nas intenções de voto em caso de novas eleições.