21 abr, 2016 - 22:55 • Celso Paiva Sol
Para além da guerra que está em curso, o autoproclamado Estado Islâmico tem que ser também combatido pela vertente financeira pela forma como obtém financiamento para a sua actividade. Jason Blazakis, responsável pelo contra-terrorismo financeiro no Departamento de Estado norte-americano, diz que é preciso travar esse fluxo de dinheiro.
Em Lisboa, onde participou numa conferência sobre terrorismo contemporâneo, Blazakis explicou que é preciso atacar todos os esquemas que têm sido utilizados.
“O Governo dos Estados Unidos está empenhado em trabalhar com países parceiros, como Portugal, e com organizações internacionais, para explorar formas de conseguir cortar o financiamento ao Estado Islâmico. Temos que atacar o branqueamento de capitais, mas também várias outras maneiras que têm sido usadas para financiar o terrorismo, como o tráfico de marfim, de antiguidades e de pessoas”, disse.
Jason Blazakis explicou também de onde vem o dinheiro e como é que tem sido gasto. “O chamado Estado Islâmico consegue obter, em média, entre 1 e 3 milhões de dólares por dia oriundos das suas actividades criminosas, que incluem raptos, extorsão, roubo de petróleo e a cobrança de taxas”.
E para onde vai esse dinheiro todo? “Em primeiro lugar, vai para manter os recrutas felizes. Pagando-lhes os seus serviços. O Estado Islâmico paga um salário mensal e dá-lhes dinheiro extra se tiveram mulher e filhos. O Estado Islâmico paga a renda e continua a pagar às famílias dos combatentes que são capturados ou que morrem”.
O director do contraterrorismo financeiro do Departamento de Estado norte-americano explicou ainda como é que os terroristas têm conseguido uma base popular de apoio tão grande.
“As organizações terroristas jogam com as vulnerabilidades das populações, estão presentes quando os governos as esquecem. Oferecem-lhes trabalho, uma casa, serviços sociais – incluindo educação e serviços de saúde. Prometem cuidar das suas famílias, fazem depósitos nas suas contas e organizações como o Daesh investem dinheiro com o objectivo de criar alternativas à pobreza e ao desespero. Oferecem-lhes esperança, quando não a tem e dão-lhes uma razão para viver, uma causa, um grupo a que se podem juntar e um sentido de pertença”.