01 mai, 2016 - 22:53
A Presidente brasileira, Dilma Rousseff, anunciou um reajuste de 9% dos rendimentos do Bolsa Família, para reforçar o programa governamental de apoio social.
O Bolsa Família, totalmente financiado por receitas do Governo através do orçamento da Segurança Social, atribui subsídios à população mais necessitada.
Num evento para assinalar o Dia do Trabalhador, em São Paulo, promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a chefe de Estado brasileira também anunciou um reajuste de 5% na tabela do Imposto de Renda, incluído num projecto que já está no Congresso e aguarda votação.
No seu discurso, Dilma Rousseff deu ainda conta da construção de 25 mil habitações no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida.
A Presidente anunciou também uma proposta do aumento da licença de paternidade para funcionários públicos, que passaria de cinco para 20 dias.
"Eu vou lutar até ao fim, porque o 01 de Maio é uma data histórica que marca a luta a favor de conquistas sociais, dos direitos dos trabalhadores, e hoje aqui no Brasil celebra-se a luta pela democracia", destacou.
Falando sobre os direitos dos trabalhadores, a chefe de Estado criticou a possibilidade de o seu vice-presidente, Michel Temer, fazer mudanças na política de reajuste no salário mínimo, caso assuma a presidência.
"Ele [Temer] propõe o fim da política de salário mínimo. Esta política garantiu 76% de aumento dos vencimentos dos trabalhadores conquistados desde o Governo de Lula da Silva [ex-Presidente] até ao meu", alertou, frisando que "quem diz isso são as manchetes dos jornais com notícias sobre a política que será adoptada por ele".
Dilma Rousseff reforçou a tese de que sofre um golpe, dizendo que o 'impeachment' (impugnação) é um instrumento legal, mas é preciso haver crime de responsabilidade para afastar a Presidente.
"Eles não têm do que me acusar. É constrangedor. Se não há base para o 'impeachment', o que está havendo? Um golpe", realçou.
A chefe do executivo brasileiro também acusou o seu rival político, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de ser o principal agente contra o seu Governo, já que, segundo a governante, ele e os seus aliados adoptaram o conceito de 'quanto pior melhor' para barrar reformas no Congresso.
Ao chegar ao local, a Presidente foi ovacionada e os presentes gritaram "fica, querida", uma frase de reacção à que tem sido usada pelos defensores do afastamento da Presidente - "adeus, querida".
Dilma fez-se acompanhar por Aloizio Mercadante, ministro da Educação, e Eduardo Suplicy, ex-senador e líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT).
O evento contou também com a presença de Fernando Haddad, autarca de São Paulo, também do PT.
Neste Dia do Trabalhador, segundo o portal de Internet G1, registam-se manifestações em pelo menos 15 Estados, com diversas motivações: a favor de Dilma Rousseff, a favor do pedido de 'impeachment' (impugnação) da Presidente e a pedir novas eleições no país.
Antes, num evento promovido pela Força Sindical em São Paulo, que reuniu artistas e políticos da oposição, o deputado Paulinho da Força, do Solidariedade, prevendo alguns destes anúncios da Presidente, disse tratar-se de um "pacote de bondades", que "parece vingança" de Dilma Rousseff e uma "tentativa de sabotar [Michel] Temer".
Os protestos de hoje inserem-se numa onda de manifestações que tem marcado a vida política do Brasil nas últimas semanas, precisamente em torno do pedido de afastamento da Presidente que foi aprovado na Câmara dos Deputados (câmara baixa) e que segue agora no Senado.
Se o pedido de 'impeachment' for aprovado na câmara alta, a Presidente será afastada por um período de até 180 dias, durante o qual o vice-presidente, Michel Temer, assumirá o comando do país.