12 mai, 2016 - 18:12
Agora é oficial: a Presidente brasileira tem o mandato suspenso. Dilma Rousseff fez um discurso de 14 minutos no Palácio do Planalto no qual classificou a decisão do Senado de instaurar o "impeachment" (destituição) como "a maior das brutalidades que pode ser cometida contra um ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu".
A Presidente disse que não tem contas no exterior, nunca recebeu subornos e jamais compactuou com a corrupção. “Este processo é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente”, sublinha.
Dilma qualificou o processo de "impeachment" de “golpe” e afirmou que não praticou nenhum crime. Disse que o que “está em jogo” é o “respeito às urnas” e acrescentou que tentam “tomar à força” o seu mandato, alvo de “sabotagem”.
A abertura do processo de "impeachment" foi aprovada no Senado por 55 votos a favor e 22 contra numa sessão que durou mais 20 horas e terminou por volta das 6h40 desta quinta. Antes da decisão, Dilma foi intimada da decisão que a afasta do cargo por até 180 dias. Se julgada pelo Senado culpada por crime de responsabilidade, será afastada em definitivo e o vice-presidente Michel Temer, que assume desde já, concluirá o mandato até 2018.
"Mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar. É luta permanente (...) Nós vamos vencer", disse Dilma, depois de ter sido notificada da decisão do Senado.
Durante este período, o Senado irá julgar Dilma Rousseff num processo presidido por um juiz do Supremo Tribunal de Justiça, mas a chefe de Estado só será afastada definitivamente se for condenada por uma maioria de dois terços dos eleitos naquele órgão.
A líder do PT disse ainda que o governo que lidera “tem sido alvo de intensa e incessante sabotagem”. “O objectivo evidente vem sendo o de me impedir de governar e, assim, forjar o meio ambiente propício ao golpe. Quando uma Presidente eleita é demitida sob acusação de um crime que não cometeu. O nome que se dá a isso no mundo democrático não é 'impeachment', é golpe”, afirmou.