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Costa cita Guterres: "Não há soluções humanitárias para problemas humanitários"

23 mai, 2016 - 16:35

Em Istambul, na Cimeira Humanitária Mundial, o primeiro-ministro português fez campanha a favor de António Guterres.

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O primeiro-ministro destacou esta segunda-feira o trabalho desenvolvido por António Guterres como alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), lembrando o seu combate pela educação e a defesa da tese de que dramas humanitários exigem soluções políticas.

António Costa fez estas referências ao antigo primeiro-ministro português e actual candidato ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas no discurso que proferiu perante o plenário da Cimeira Humanitária Mundial, que junta em Istambul, até terça-feira, mais de 50 chefes de Estado e de Governo.

Logo na parte inicial da sua intervenção, durante a qual também se referiu ao ex-Presidente da República Jorge Sampaio, o líder do executivo português citou uma das teses centrais de António Guterres em relação ao fenómeno dos deslocados: "Não há soluções humanitárias para problemas humanitários, a solução tem de ser sempre política".

No plano político, o primeiro-ministro disse que Portugal apoia e "congratula-se a com a visão nova e abrangente" preconizada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no seu relatório sobre os desafios humanitários, intitulado "Uma Humanidade, responsabilidade compartilhada".

Tal como fizera pouco antes, durante uma mesa-redonda em que participou nesta cimeira, António Costa destacou o tema da educação entre os desafios que considera essenciais para responder ao fenómeno dos refugiados.

"A educação é a mais poderosa arma que podemos usar para mudar o mundo", justificou, aqui citando o antigo chefe de Estado sul-africano Nelson Mandela, antes de se voltar a referir ao legado político e diplomático de Guterres.

"Tendo presente a expansão do acesso à educação ao longo dos últimos quinze anos, Portugal acredita que há agora uma necessidade de se responder à necessidade de acesso à educação por parte dos refugiados. A educação não é apenas um direito humano fundamental, mas também algo de vital para um desenvolvimento sustentável, para a erradicação da pobreza, para a consolidação da paz e da democracia", sustentou António Costa.

Ensino superior é "crucial"

Tal como António Guterres defendera numa recente conferência promovida pelo PS sobre refugiados, também António Costa referiu que, "tradicionalmente, a educação prestada a refugiados é de nível primário".

"Mas está a crescer o número de deslocados que carecem de educação secundária e de acesso ao ensino superior. Ora, a educação de nível superior é crucial não apenas num contexto pós-conflito militar, como também em cenários de desastres naturais e de emergências de ordem ambiental", advertiu o primeiro-ministro português.

Neste capítulo, António Costa destacou então a Plataforma Global para os Estudantes Sírios impulsionada pelo ex-Presidente da República Jorge Sampaio, que já integra cerca de duas centenas de estudantes universitários sírios.

"Uma iniciativa que contribui para evitar que a Síria possa perder no futuro uma geração inteira", acentuou o líder do executivo.

António Costa terminou o seu discurso citando Almada Negreiros: "Quando eu nasci as frases que iriam salvar a humanidade já tinham sido escritas, mas só faltava uma: salvar a humanidade".

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