08 jun, 2016 - 23:33 • Eunice Lourenço , em Paris
O facto de o Presidente da República e o primeiro-ministro irem celebrar o 10 de Junho em Paris, ainda por cima na Câmara Municipal e não na embaixada, é um “momento histórico”, considera Hermano Saches Ruivo, conselheiro na Câmara de Paris. Mas este português com dupla nacionalidade lamenta que a questão do ensino do língua portuguesa não seja visível no programa já conhecido.
“Um dos aspectos que não está suficientemente visível no programa desta viagem é a defesa e a promoção do ensino de português em frança. Como eleito e como pai de filhos portugueses e luso-descendentes é algo que considero preocupante e quero ver nas palavras, tanto do Presidente da República como do primeiro-ministro”, afirmou Hermano Sanches em entrevista à Renascença.
No seu gabinete na Marie, o bonito edifício à beira do Sena onde vai decorrer a cerimónia do Dia de Portugal em Paris, o conselheiro explica o significado da iniciativa de Marcelo Rebelo de Sousa. “Estamos a viver um momento histórico: a primeira vez que o Presidente e o primeiro-ministro começam as cerimónias do 10 de Junho em Portugal e acabam em Paris. O facto de ser na Câmara de Paris, quero ver nisso também um símbolo” porque podia ser na embaixada de Portugal, “mas o facto de uma câmara francesa ser o espaço para essa cerimónia convidando os portugueses para um casa que é a casa de todos os parisienses é uma forma de dizer que a comunidade portuguesa merece esse respeito”.
Hermano Sanches Ruivo gostaria era também de ver mais respeito para com a língua portuguesa e para com os que a ensinam, tanto por parte de França como e Portugal.
“A França tem de compreender que a língua portuguesa é uma língua internacional, não é só para os portugueses é para todos e que actualmente nem sequer os portugueses e os filhos de portugueses estão a te a oportunidade de o aprender facilmente”, afirma o conselheiro, explicando que os filhos de portugueses aprendem a língua na primária, mas depois têm muita dificuldade em continuar a estudar português nos ciclos seguintes.
Além disse, vive-se em França um “combate de línguas”, com centenas de milhar a estudarem italiano e alemão e milhões a estudarem espanhol, mas apenas 50 mil a estudar português. Por isso, em vésperas de início do Euro 2016, Sanches Ruivo apela à estrela da selecção: “A selecção é um bom veículo e de resto devia ser ainda um maior veículo. Deixo aqui um apelo: Cristiano Ronaldo pede a todos os jovens portugueses, luso-descendentes e aos outros franceses para aprenderem a língua portuguesa.”
O Presidente da República chega a Paris na sexta-feira à tarde, com o primeiro-ministro, António Costa. Primeiro, têm um encontro no Eliseu com o Presidente francês, depois seguem todos para a Câmara Municipal onde terá lugar a cerimónia oficial, com imposição de condecorações a portugueses que ajudaram vítimas do ataque terrorista ao Bataclan.
No dia seguinte, Marcelo Rebelo de Sousa condecora portugueses e franceses que desempenham ou desempenharam um papel de ajuda aos emigrantes portugueses. Depois, almoça com representantes da comunidade portuguesa e, à tarde, presta homenagem aos soldados que combateram na I Guerra Mundial. E à noite janta com a selecção nacional.
No dia 12, último dia em Paris, visita várias exposições e participa na festa da Rádio Alfa.