14 jun, 2016 - 09:51 • João Cunha
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Política económica e corrupção marcaram o primeiro debate entre os quatro candidatos às legislativas em Espanha, emitido em directo na noite de segunda-feira nos cinco principais canais de televisão espanhóis.
Os candidatos tentaram atrair o voto dos 30% de eleitores que ainda se consideram indecisos, mas o cruzamento de ataques terá evidenciado a elevada fragmentação da política espanhola – situação que motivou a convocação destas legislativas, agendadas para dia 26 de Junho.
Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, tentou passar a ideia de que governar não é fácil e repetiu-a por várias vezes, ao mesmo tempo que apontava a falta de experiência governativa dos outros candidatos. Um dos visados foi Pedro Sanchez, do PSOE.
“O senhor Sanchez voltou a falar de mim. E resulta que ele, que está em terceiro nas sondagens – e que me parece que depois do debate de hoje, ficará por aí – diz que estou incapacitado para governar. Então e como está ele? Ou que conceito de aritmética tem ele?”, questionou.
Mariano Rajoy foi também visado por Albert Rivera, líder do Cidadãos, que falou da corrupção no Partido Popular e sublinhou que Espanha precisa de uma nova etapa política.
“Não vou dizer que é indecente. Não vou insultá-lo. Digo-o de coração: creio que a nova etapa política de Espanha merece um novo Governo, onde pode haver gente do Partido Socialista, do Partido Popular ou do Cidadãos, mas um novo Governo para abrir essa etapa”, defendeu.
Centrando também as críticas no PP, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, aproveitou o momento para instar o candidato do PSOE a viabilizar um Governo progressista. Em seu entender, só há duas opções, nestas eleições: “ou um Governo em que esteja o Partido Popular ou outro, formado pelo Podemos e o Partido Socialista”.
Mas Pedro Sanchez, líder do PSOE, recusou um entendimento com Iglesias, que acusou de resto de ter uma estratégia comum à de Rajoy por ter, durante o período de negociações, votado juntamente com o PP contra um Governo liderado pelo PSOE.
“Muitas destas medidas partilhámos com o Podemos e com o Cidadãos, mas infelizmente não pudemos executá-las num Governo de progresso que os espanhóis precisam, porque o PP e o Podemos negaram a investidura”, queixou-se.
Desde as eleições de 20 de Dezembro que Espanha vive uma situação inédita de impasse político, com um Governo de gestão liderado por Mariano Rajoy, do conservador PP, a marcar o passo até 26 de Junho, dia em que os eleitores espanhóis são, mais uma vez, chamados às urnas.
Nunca na história de Espanha os eleitores foram chamados a votar numas eleições gerais duas vezes em cinco meses.