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Migrantes. “Resposta vergonhosa da Europa” leva Médicos sem Fronteiras a rejeitar fundos

17 jun, 2016 - 11:23

Organização diz que as políticas adoptadas visam "repelir as pessoas e o seu sofrimento para longe das costas europeias".

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A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou que vai deixar de aceitar fundos da União Europeia, em protesto contra as políticas europeias sobre as migrações.

É um protesto contra "a resposta vergonhosa da Europa, que se focaliza mais na dissuasão do que na ajuda e na protecção" dos migrantes e refugiados que chegam à Europa, explicou Jérôme Oberreit, secretário-geral dos Médicos Sem Fronteiras.

"Esta decisão tem efeito imediato e será aplicada a todos os projectos dos Médicos Sem Fronteiras em todo o mundo", comunicou.

Os Médicos Sem Fronteiras consideram que as políticas europeias para as migrações visam "repelir as pessoas e o seu sofrimento para longe das costas europeias". Além disso, estão a “prejudicar” o próprio conceito de refugiado, abrindo o precedente de reter as pessoas em zonas de guerra.

Como exemplo, a organização cita o acordo entre a União Europeia e a Turquia, firmado em Março, no quadro do qual este país aceitou receber todos os migrantes, incluindo os requerentes de asilo, que cheguem à costa da Grécia, mas cujas condições de acolhimento têm sido alvo de críticas internacionais.

Esse acordo teve como "consequência directa" que, "nas ilhas gregas, mais de oito mil pessoas, incluindo centenas de menores que viajaram sozinhos, estão bloqueadas", vivendo em "condições terríveis, em campos sobrelotados, por vezes durante meses".

As actividades desta organização são financiadas em mais de 90% por doações privadas, mas, no ano passado, os MSF receberam 19 milhões de euros da União Europeia e outros 37 milhões dos seus Estados-membros.

As autoridades italianas receberam cerca de 19 mil migrantes ilegais apenas no mês de Maio, segundo dados da Frontex, a agência europeia que faz a gestão das fronteiras externas dos Estados-membros.

Mas de acordo com o último balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), desde o início do ano e até 5 de Junho chegaram à Europa por mar - à Grécia, a Chipre e a Espanha - 206.400 migrantes. Mais de 10 mil morreram no Mediterrâneo ao tentarem alcançar a Europa desde 2014.

Comentários
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  • António Costa
    17 jun, 2016 Cacém 18:55
    Não seja tão drástico e pessimista Dr Jérôme Oberreit. Ao fim ao cabo existem países como a Somália onde o tratamento aos refugiados não tem nada a ver com a "resposta vergonhosa da Europa". Vamos portanto ser otimistas. Um dia destes ainda vai ver ainda a Europa seguir o caminho da Somália. Com as lideranças existentes, estou convencido de que não será difícil!
  • manuel
    17 jun, 2016 lisbos 13:17
    Que grande chatice
  • Miguel
    17 jun, 2016 Faro 11:43
    Deveriam ter feito o mesmo quando o Berlusconi fez o mesmo tipo de acordo com o Kadaffi. A Italia pagou muitos euros para evitar o mesmo que acontece agora. Nessa altura os MSFs nada disseram

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