28 jun, 2016 - 12:43
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse esta terça-feira que a União Europeia é "suficientemente forte" para sobreviver ao "Brexit" e advertiu o Reino Unido que não poderá escolher "à la carte" nas negociações sobre as suas futuras relações.
"A UE é suficientemente forte para ultrapassar a partida do Reino Unido, é suficientemente forte para continuar a avançar mesmo com 27 membros", declarou na câmara baixa do parlamento alemão, antes de uma cimeira europeia em Bruxelas onde os dirigentes se reunirão pela primeira vez durante uma parte das discussões sem o Reino Unido.
Merkel insistiu que a União "também é suficientemente forte para defender com sucesso os seus interesses no mundo do futuro" e que continuará a ser o garante da "paz, prosperidade e estabilidade" na Europa.
A governante alemã voltou a lamentar que o Reino Unido tenha escolhido no referendo de quinta-feira abandonar o bloco europeu, mas sublinhou que Londres não poderá esperar manter os privilégios da UE sem ter as obrigações.
"Assegurar-nos-emos de que as negociações (sobre a relação futura entre UE e Londres) não decorrerão segundo o princípio da escolha 'à la carte'. Deve fazer diferença ser membro ou não da família que é a União Europeia", disse.
"Quem sai da família não deve esperar que todos os deveres desapareçam e que os privilégios sejam mantidos", adiantou Merkel.
Sublinhou que se o Reino Unido pretende manter o acesso ao mercado único deverá respeitar os seus princípios, nomeadamente a livre circulação de pessoas, apesar dos partidários do "Brexit" terem feito campanha em grande parte sobre o tema da imigração.
"O acesso ao mercado único é dado a quem respeita as suas quatro liberdades fundamentais: (a livre circulação) de pessoas, bens, serviços e capitais", insistiu.
Merkel, que se reuniu com os líderes da França e da Itália na segunda-feira após serem conhecidos os resultados do referendo, disse que as três maiores economias do continente concordaram numa "posição comum" em relação ao 'Brexit'.
A chanceler alemã referiu esperar que a cimeira de Bruxelas decorra com esse espírito de unidade, adiantando que o objetivo da UE será completar as reformas do bloco até à data do 60.º aniversário do Tratado de Roma, o tratado fundador do projecto europeu, em Março de 2017.