04 jul, 2016 - 14:08
A vida de Liyjon DeSilva tinha tudo para correr mal.
A sua mãe, a única fonte de estabilidade na sua vida, morreu quando ele tinha apenas cinco anos. Seguiu-se uma montanha russa de dificuldades e abusos, passado de casa em casa como se fosse um animal de estimação até que a família alargada perdeu a paciência e o deixou na rua.
É aí que entra a força de vontade. Onde tudo concorria para que DeSilva enveredasse por uma vida de crime e pobreza, ou no mínimo de abandono escolar, o adolescente texano optou por continuar a frequentar as aulas.
Foram três longos anos em que escondeu a sua realidade de professores e colegas. Dormia em parques de estacionamento, jardins ou junto a piscinas. Faltava-lhe muita coisa, mas recusa-se a dizer que foram tempos terríveis.
“Eu queria roupas. Queria poder viver como um miúdo normal. Queria comer como um miúdo normal. Dormia em jardins. Gostava de dormir em parques de estacionamento, porque conseguia ver as estrelas e o céu. Havia um do qual conseguia ver o horizonte da cidade. Dormia junto a piscinas também, isso era fixe. Não gosto de dizer que era mau ou que era terrível, porque aprendi muita coisa. Aprendi muitas técnicas de sobrevivência. A vida tornou-se um bocado mais fácil”, diz, em entrevista ao canal de televisão KTRK, do Texas.
Eventualmente, porém, a escola foi informada por um assistente social de que o aluno tinha sido encontrado a dormir na rua. Foi então que entrou em acção a generosidade. O director da escola pagou do seu bolso um alojamento de 30 dias e uma professora mobilizou-se para lhe encontrar um quarto onde podia dormir sem custos. Amigos adultos fizeram-se presentes para lhe servirem de figuras paternais e, no final do seu percurso escolar, os esforços deram fruto.
Liyjon DeSilva completou o 12º com uma das melhores notas da sua turma e isso valeu-lhe uma bolsa completa para ir para a universidade.
Questionado pela KTRK sobre a sua persistência, DeSilva responde com naturalidade. “Que mais é que poderia ter feito? Era isto uma uma vida de crime. Podia ter desistido de tudo. Mas tive uma oportunidade, porque não aproveitá-la?”