30 ago, 2016 - 19:00
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A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estimou esta terça-feira que 111.500 migrantes e refugiados foram resgatados desde o início do ano no Mediterrâneo central, a rota marítima entre o norte da Líbia e as costas italianas. As operações de resgate foram realizadas por embarcações da Itália, Irlanda, Reino Unido e da Noruega e um barco da organização humanitária Médicos sem Fronteiras.
Só na segunda-feira foram resgatadas mais de sete mil pessoas. A Renascença falou com Damiano Mollo, da guarda costeira italiana, que, a partir do centro de comando em Roma, confirma o número de resgatados e que foram necessárias 40 operações de resgate para salvar todos os naufragados.
Muitas das pessoas resgatadas tentavam atravessar o Canal da Sicília, que separa a ilha italiana da Sicília e a costa de Tunes, Tunísia, em grupos de dezenas de botes pneumáticos, enquanto outras faziam a travessia em pequenas embarcações de madeira e em dois barcos de pesca de maior dimensão.
Os resgates na rota do Mediterrâneo central têm mantido um ritmo constante, mas a OIM verificou uma redução no número de vítimas: em Agosto foram contabilizadas 40 mortes, muito menos face às 600 mortes registadas em Agosto de 2015 e de 2014.
No entanto, em termos anuais, o número de vítimas aumentou. No total, 3.165 pessoas perderam a vida durante a travessia do Mediterrâneo desde o início do ano, mais 509 do que nos primeiros oito meses de 2015. Desde Janeiro, 272.070 migrantes e refugiados chegaram à Europa através do mar Mediterrâneo, a grande maioria entrou pela Itália e pela Grécia.
Quantos operacionais foram necessários para desenvolver estas
múltiplas operações de resgate?
Não sei o número exacto de homens envolvidos porque participaram muitas organizações diferentes – há a guarda costeira, a marinha militar, as ONG; não sei o número exacto. Mas é muita gente.
Existe alguma explicação para ter havido tantos migrantes no mar num só dia?
Sim. A única explicação é que o mar está calmo – quando há bom tempo, há mais actividade migrante.
Podemos dizer que nos próximos meses, quando chegar o Inverno, é provável haver menos actividade?
Sim, deve ser assim.
Quando os migrantes chegam a terra, como são processados?
Na guarda costeira apenas coordenamos as operações de busca e salvamento e depois trazemos os migrantes para a Sicília ou para os portos no sul da Itália.
Tem informação sobre o tipo de barcos utilizados nestas viagens de migração?
A maioria dos barcos são de borracha. Normalmente num barco de borracha vêm cerca de 120 migrantes; por vezes, há barcos de madeira, mais pequenos, que levam 20 ou 30 pessoas. Depois há os grandes, que chamamos os "big boats", que podem levar 400 a 500 pessoas. Estes são os três tipos de barco que costumamos resgatar.
Mas estão muito sobrelotados?
Sim, muito sobrelotados.
Diria que a guarda costeira italiana tem gente suficiente para lidar com esta situação?
Agora há muitas ONG a cooperar connosco e a sua ajuda é realmente significante. Depende da actividade. Até agora, temos conseguido dar conta da situação. No futuro, se piorar, claro que apreciamos receber mais ajuda.