31 ago, 2016 - 20:52 • Carlos Calaveiras
A ex-Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, já reagiu à sua destituição. Garante que está inocente e que vai “recorrer em todas as instâncias possíveis”.
“É uma inequívoca eleição indirecta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis”, disse.
Dilma Rousseff afirma que deixa a presidência como entrou: “Sem ter incorrido em qualquer acto ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos”.
Num discurso sentido, a antiga número dois de Lula da Silva considera que este foi um “golpe contra o povo e a Nação. É misógino. É homofóbico. É racista. É a imposição da intolerância, preconceito, violência”. “O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções”.
Dilma Rousseff insiste na teoria do golpe e lembra que este “é o segundo golpe de estado” que enfrenta na vida. “O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar por meio de uma farsa jurídica, derruba-me do cargo para o qual fui eleita pelo povo. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe militar”.
Durante seis anos, Dilma foi a primeira mulher Presidente do Brasil. “Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades”.
“Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade”, acrescenta.
Dilma promete lutar “incansavelmente para construir um Brasil melhor” e voltar à vida política. “Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”.
A fechar, a antiga Presidente deixa um apelo a todos os brasileiros. “Não desistam da luta. Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar”.
“Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados”, acrescentou.
Dilma Rousseff é acusada de ter cometido crime de responsabilidade ao praticar manobras fiscais com o objectivo de melhorar as contas públicas e por ter assinado decretos autorizando despesas que não estavam orçamentadas, sem autorização prévia do Congresso.
Na votação desta quarta-feira no Senado, 61 senadores votaram pela destituição da Presidente e 20 a favor da continuidade de Dilma.