12 set, 2016 - 15:43
Os grupos rebeldes que combatem contra o regime de Bashar al-Assad estão dispostos a cumprir o cessar-fogo anunciado recentemente pelos Estados Unidos e pela Rússia, e que deve entrar em vigor a partir do pôr-do-sol na Síria.
Em declarações à agência Reuters, uma fonte ligada aos grupos da oposição diz que os grupos estão próximos de emitir um comunicado conjunto a dar o acordo ao cessar-fogo, mas que este não estará isento de críticas.
“Nas próximas horas haverá uma declaração em que o afirmamos, mas haverá também muitas reservas e observações sobre o pacote completo. Mas no final de contas, concordamos”.
A complexidade da guerra civil na Síria torna qualquer negociação de paz ou de cessar-fogo extremamente complexa. Neste conflito não existem apenas forças leias ao regime e rebeldes. Há grupos rebeldes que combatem entre si, como é o caso do Estado Islâmico e quase todas as outras milícias; há grupos que são contra o regime, mas por via das circunstâncias acabam por combater mais os grupos extremistas islâmicos, como é o caso das milícias curdas, apoiadas por grupos armados cristãos e há grupos, como por exemplo os apoiados pela Turquia, que entraram na Síria para combater o regime mas deram por si a combater as forças curdas, por imposição de Ancara.
Moscovo tem apoiado inequivocamente o regime e os EUA têm dado algum apoio a grupos rebeldes, procurando, nem sempre com sucesso, que esse apoio não acabe por fortalecer os grupos extremistas islâmicos. Contudo, os dois países conseguiram alcançar um acordo para cessar-fogo que poderá trazer um período de tréguas para o país que há mais de cinco anos é devastado pela guerra.
A horas da entrada em vigor do cessar-fogo, porém, a Rússia afirmou que continuará a bombardear posições do Estado Islâmico mas também da Frente al-Nusra, entretanto rebaptizada Jabhat Fateh al-Sham, depois de se ter desfiliado oficialmente da Al-Qaeda. Esta posição de Moscovo revela a complicação de um cessar-fogo, uma vez que a al-Nusra faz parte de uma coligação de vários outros grupos rebeldes, incluindo alguns mais seculares, nomeadamente na cidade de Alepo.