20 set, 2016 - 06:46
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Pelo menos 30 civis morreram no bombardeamento ocorrido na segunda-feira à noite a um comboio de ajuda humanitária, a oeste da província síria de Alepo, junto à cidade de Orum al-Kubra.
O ataque deu-se quando elementos do Crescente Vermelho sírio estavam a prestar assistência à população. Foram atingidos, pelo menos, 18 camiões que se encontravam a distribuir água e comida e um armazém.
“Este era o armazém do Crescente Vermelho. Lá fora estavam mais de 20 camiões carregados de comida, que ficaram destruídos. Os helicópteros do regime sírio atacaram este local com quatro bombardeamentos”, relata um dos voluntários do Serviço de Defesa Civil da Síria.
É ainda desconhecida a origem dos bombardeamentos, mas as Nações Unidas já reagiram, mostrando indignação e sublinhando que, a provar-se que foi intencional, representará um crime de guerra.
Staffan de Mistura, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, lembra que o comboio humanitário foi o culminar de um longo processo de autorizações e preparativos para assistir milhares de civis isolados há meses – 78 mil pessoas.
Entre os mortos, cujo número concreto é ainda desconhecido, estão 12 voluntários do Crescente Vermelho.
Na segunda-feira, o Exército sírio declarou o fim do cessar-fogo decretado há uma semana pelos Estados Unidos e a Rússia. Washington e Moscovo acusam-se mutuamente pelo fracasso de mais uma tentativa para pôr termo a cinco anos de guerra na Síria.
Os Estados Unidos já condenaram o ataque, fazendo questão de referir que o destino da coluna humanitária era conhecido do regime sírio e da Rússia. O Governo russo ainda não reagiu, mas a agência de notícias russa RIA cita o ministro da Defesa para dizer que 40 rebeldes foram mortos esta terça-feira pelo exército sírio, apoiado pela força aérea russa. E que o ataque ocorreu perto de Alepo, no Norte do país.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, também já condenou o ataque, que, segundo diz, ilustra a urgência do fim das hostilidades na Síria.
A trégua apoiada pelas duas superpotências, Rússia e Estados Unidos, tinha por objectivo colocar fim a cinco anos de um conflito que já matou mais de 300 mil pessoas e obrigou milhões a abandonar as suas casas.
O cessar-fogo resultante do acordo russo-americano nunca tinha sido formalmente aprovado pelos rebeldes.
Fim-de-semana de acusações
No sábado, um ataque aéreo liderado pelos Estados Unidos matou, pelo menos, 80 militares sírios. Aviões russos estavam, na mesma altura, a bombardear o local. Moscovo convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Durante a reunião, a embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, pediu desculpa pelo erro, mas não poupou os russos, a quem chamou “cínicos” e “hipócritas”.
“Desde 2011, o regime de Bashar al-Assad tem, intencionalmente, atacado alvos civis com regularidade, tem impedido ajuda humanitária a pessoas que passam fome e têm doenças tratáveis, usou armas químicas contra o seu povo e torturou dezenas de milhares de pessoas nas prisões”, afirmou depois em conferência de imprensa.