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Fora da Caixa

António Vitorino: “O mecanismo de recolocação de refugiados falhou“

02 out, 2016 - 12:20 • José Pedro Frazão

António Vitorino e Pedro Santana Lopes reflectem sobre a crise migratória, um ano depois da cimeira extraordinária de líderes europeus sobre o fluxo de refugiados para a Europa. Doze meses depois, os húngaros referendam o plano de relocalização de 160 mil migrantes então definido.

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António Vitorino sobre a ONU e o mecanismo de recolocação de refugiados

Podemos dizer que o plano de recolocação de refugiados falhou ? Sim, responde António Vitorino, antigo comissário europeu com a tutela das migrações, lançando um olhar retrospectivo no programa “Fora da Caixa” da Renascença.

“Podemos dizer que é um caso típico de quando os propósitos são muito louváveis, mas as palavras e os compromissos vão muito mais depressa do que a capacidade de resposta”, justifica o antigo ministro da Defesa, para quem o mecanismo de relocalização “ era uma boa ideia e generosa”. Visava recolocar 160 mil refugiados sírios e eritreus entre os países europeus e saldou-se pela recolocação, até este momento, de cinco mil.

Para Pedro Santana Lopes, nem tudo é mau, apesar de um “ desvio muito grande” no número de colocações de refugiados nos diferentes países que se resumem numa “percentagem irrisória”. O antigo primeiro-ministro considera que a União Europeia tem trabalhado de modo positivo na organização dos núcleos de refugiados que existem.

“Apesar de tudo, julgo que a organização das tarefas melhorou. Mas ao nível de despesa necessária para aguentar determinado tipo de comportamentos, apesar das dificuldades dos refugiados, quanto custam todos aqueles transportes e embarcações ? Como é que os que financiam os lugares terão recurso e disponibilidades para suportar estas operações? Há um garrote a apertar”, alerta o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Em resumo, “ninguém pode dar uma situação explosiva como estas como estabilizada sem ser entre parêntesis".

Reforçar missões militares

Actuar a montante continua a ser fulcral na gestão da crise migratória, argumenta Vitorino. O comentador da Renascença apela a um maior envolvimento da comunidade internacional na garantia de sustentabilidade dos campos de refugiados da Jordânia, do Líbano ou da Turquia,

“E é isso que provavelmente é a prioridade neste momento, porque há pessoas que estão a tentar entrar nos campos, na Jordânia e no Líbano, e esses campos já não têm maior capacidade de resposta”, observa o militante do PS, favorável a um reforço simultâneo de contenção dos fluxos migratórios no Mediterrâneo Oriental e também no Central.

“As missões militares, de fronteiras mas também de apoio e salvamento, vão ter de ser reforçadas porque hoje a grande pressão está aí. Está no Mediterrâneo Central, oriunda da Líbia e agora cada vez mais do Egipto. Atenção a esta novidade recente: esta semana houve também um grande naufrágio. Os refugiados começam a sair, não apenas das praias da Líbia, mas também das praias do Egipto. E enquanto na Líbia não há Estado, no Egipto existe um Estado e, aliás, toda a gente diz, bastante pesado."

"A diplomacia não pode deixar de chamar o governo egípcio à sua responsabilidade no controlo da fronteira externa egípcia”, afirma o antigo comissário europeu das migrações, no programa “Fora da Caixa".

Comentários
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  • martins
    02 out, 2016 dortmund 18:34
    so nao entendo porque motivo e que os refugiados nao fogem para a rusia china e paises africanos vejo que entre os refugiados ha pessoas de paises onde nem sequer ha guerra e a uniao europeia e que tem que aguentar com eles o governo portugues devia preocupar se com os portugueses e nao com pessoas de outros paises mas creio que esta provado que essa coisa dos refugiados nao passa de uma mafia e que enquanto muitos sofrem outros estao a ganhar milhoes
  • Mario
    02 out, 2016 Portugal 13:15
    Há pessoas que não sabem quando deviam estar caladas em vez de fazerem comentários que só mostram uma grande falta de conhecimento neste caso. A guerra é na Síria quem se refugia desse problema são Sírios, e não vejo razão para abrigar migrantes de outros Países que são unicamente migrantes económicos de Países que nem estão em guerra. Por outro lado se não desestabilizassem com invasões na Líbia e Iraque nada disto teria acontecido. Os problemas são resolvidos no local onde foram criados e não tentar tapar o sol com a peneira, recebendo todos os migrantes do mundo. Com essa atitude doentia e medíocre só criam mais problemas. Como não estes senhores são dois ignorantes desconhecem que na 2ª guerra mundial os Europeus não foram refugiar-se em nenhum País resolveram os problemas na fonte, que eles façam o mesmo pois a guerra é deles, e os culpados são os americanos, e todo o mundo o sabe só estes senhores desconhecem.

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