04 out, 2016 - 11:51
Os membros do Conselho de Segurança da ONU votam na quarta-feira o nome do futuro secretário-geral, uma eleição que tem como favorito o português António Guterres num processo que pode ficar quase encerrado nesse dia.
Esta terça-feira de madrugada, a Rússia, país com direito de veto no Conselho de Segurança, revelou que irá apoiar uma mulher da Europa de Leste, sendo que existem apenas duas candidatas búlgaras que preenchem esse requisito: Irina Bokova e Kristalina Geogieva, que entrou na corrida há duas semanas.
"Acreditamos que é a vez da Europa do Leste de fornecer o próximo secretário-geral. Gostaríamos muito de ver uma mulher", disse o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin.
Depois de cinco votações em que os votos dos 15 membros eram indiscriminados, os votos dos membros permanentes (China, Rússia, França, Reino Unido e Estados Unidos) vão ser destacados pela primeira vez, ficando visível algum caso de veto.
Há 10 anos, quando foi escolhido Ban Ki-moon, a primeira votação deste género tornou-se, também, a última.
Nesse dia, 2 de Outubro de 2006, Ban Ki-moon recebeu 14 votos "encoraja" e apenas um "sem opinião", o que precipitou a desistência de todos os outros candidatos no dia seguinte.
Uma semana mais tarde, a 9 de Outubro, o Conselho de Segurança aprovou por aclamação a resolução que recomendava o nome do sul-coreano.
No entanto, conforme explicou fonte diplomática à Lusa, o processo tem poucas regras, o que dá muita flexibilidade aos membros do Conselho de Segurança, sobretudo os permanentes, para decidir os próximos passos.
Mesmo que Guterres obtenha o apoio de nove países e nenhum veto dos membros permanentes, os membros podem decidir realizar mais votações.
António Guterres venceu as cinco primeiras votações destacado, sendo o único que ultrapassou o mínimo de nove apoios, mas teve sempre entre dois e três votos "desencoraja".
Se mantiver o mesmo resultado e um dos votos negativos pertencer a um dos cinco permanentes, o seu nome não pode ser sequer recomendado.
A entrada da búlgara Kristalina Georgieva na corrida, na semana passada, também pode provocar mais rondas de votações, necessárias para clarificar o posicionamento de todos os países.
Num ano em que a ONU tentou trazer transparência ao processo, realizando audiências públicas, entrevistas e debates com os 12 candidatos iniciais, a entrada tardia da vice-presidente da Comissão Europeia foi recebida com desconfiança por alguns países e entusiasmo por outros.