Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Ramos Horta, Nobel da Paz há 20 anos. Foi "um forte impulso para a autodeterminação"

11 out, 2016 - 16:00 • Pedro Mesquita

Na Renascença, Ramos Horta recorda o momento em que soube que receberia o Nobel da Paz, juntamente com o bispo Ximenes Belo. Nesta entrevista, o antigo primeiro-ministro timorense alerta ainda para o excesso de expectativa à volta de Guterres, que "não é o presidente da América ou da Rússia".

A+ / A-

Já passam duas décadas. Neste dia, 11 de Outubro, há precisamente 20 anos, D. Carlos Filipe Ximenes Belo e José Ramos Horta eram anunciados ao mundo como Prémio Nobel da Paz.

Em entrevista, esta terça-feira, à Renascença, José Ramos Horta, antigo Presidente de Timor-Leste, recorda esse momento - "fiquei surpreendido e emocionado” - e fala de outros temas fortes da actualidade internacional.

Sobre a ONU de António Guterres, Horta alerta para uma excessiva expectativa porque o secretário-geral da ONU "não é o presidente da América ou da Rússia". Já em relação às eleições nos EUA, o Nobel da Paz defende que Hillary Clinton está ainda mais bem preparada para ser Presidente do que estava o marido, Bill, ou Barack Obama. “A minha candidata é Hillary Clinton", assume.

A surpresa do Nobel em 1996

“Obviamente, nunca pensei receber o Nobel. Durante alguns anos, fui muito activo na promoção do bispo Belo para o Nobel e, quando o meu nome foi anunciado, fiquei surpreendido e emocionado."

“[O Nobel] constituiu um forte impulso para a autodeterminação. Nós só poderíamos ganhar a batalha coma Indonésia pela via pacífica e o Prémio Nobel da Paz, obviamente, abriu-me portas. A mim e a Timor. Por coincidência, um ano depois, começou a crise económico-financeira no sudeste asiático. De todos esses países que estavam a ser vítimas, a Indonésia foi o que mais sofreu. Era fácil adivinhar o fim do regime de Suharto e uma possível solução para a questão timorense."

Guterres secretário-geral da ONU

“As expectativas são grandes porque a ONU está à deriva por causas políticas, por rivalidades entre as grandes potências e, também, entre as potências regionais. Dada esta situação, procura-se um ‘profeta’, um ‘messias', e esse ‘messias’ parece ser António Guterres. Mas essa expectativa é totalmente errónea. António Guterres não é o presidente da América ou da Rússia. Ainda assim, é possível que, pela sua sapiência e paciência, construa pontes para minimizar o impacto de guerras, como a da Síria, na população civil.”

Eleições para a Casa Branca

“A minha candidata é Hillary Clinton, que conheço bem. Está muito bem preparada para o cargo. Muito mais bem preparada do que Barack Obama e Bill Clinton. Seria desastroso que uns pais como os EUA, que é a única superpotência mundial, tivesse um presidente como Donald Trump. Espero bem que o povo americano esteja à altura de eleger alguém que, com dignidade e inteligência, dirija esta superpotência e cujas politicas tem impacto no resto do mundo."

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+