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Viram a morte, foram escravas, tornaram-se activistas. Nadia e Lamiya ganham Prémio Sakharov

27 out, 2016 - 10:54

Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Aji Bashar tornaram-se porta-vozes do sofrimento de milhares de mulheres e homens da minoria yazidi do Iraque, que tem sido objecto de uma campanha de genocídio por militantes do Estado islâmico.

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De escravas sexuais a activistas. A história das vencedoras do prémio Sakharov
De escravas sexuais a activistas. A história das vencedoras do prémio Sakharov

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi atribuído esta quinta-feira a Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Aji Bashar, duas jovens yazidis que sobreviveram a meses de escravatura sexual depois de capturadas pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI).

Nadia e Lamiya tornaram-se porta-vozes do sofrimento de milhares de mulheres e homens desta minoria étnica do Iraque, que tem sido objecto de uma campanha de genocídio por militantes do EI.

A 3 de Agosto de 2014, o EI assassinou todos os homens da aldeia de Kocho, cidade natal de Lamiya Aji Bashar e Nadia Murad em Sinjar, no Iraque.

Na sequência do massacre, as mulheres e as crianças foram escravizadas: todas as jovens, incluindo Lamiya, Nadia Murad e as suas irmãs, foram raptadas, compradas e vendidas várias vezes, e exploradas para fins de escravatura sexual.

"Prémio muito significativo"

O prémio deixa a eurodeputada Ana Gomes muito satisfeita. “Penso que a causa das duas jovens yazidis que lutaram pelas suas vidas e que lutam pelas vidas daquelas que ainda estão nas garras do bando terrorista assassino Daesh [Estado Islâmico] é uma causa de todos aqueles que se batem pelos direitos humanos”, afirma à Renascença.

“Este é um prémio muito significativo. Havia outros excelentes candidatos, mas tenho muita satisfação por serem duas jovens que, apesar dos horrores por que passaram, continuarem a lutar não apenas pela sua própria recuperação mas por salvar outras jovens que ainda continuam escravizadas e martirizadas por esses bandidos”, diz.

Segundo o perfil das jovens que se pode ler no site do Parlamento Europeu, instituição que promove o galardão, Nadia Murad perdeu seis dos seus irmãos e a mãe, que foi morta juntamente com oitenta mulheres mais idosas consideradas como não tendo qualquer valor sexual.

Lamiya Aji Bashar também foi explorada como escrava sexual, juntamente com as suas seis irmãs. Foi vendida cinco vezes entre os militantes e forçada a fabricar bombas e coletes suicidas em Mossul depois de os militantes do EI executarem os seus irmãos e o pai.

Em Novembro de 2014, Nadia Murad conseguiu fugir com a ajuda de uma família vizinha, que a retirou clandestinamente da zona controlada pelo EI, permitindo-lhe seguir para um campo de refugiados no norte do Iraque e depois para a Alemanha.

Nadia confronta líderes mundiais

Jovem escravizada pelo Estado Islâmico confronta líderes mundiais
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Um ano mais tarde, em Dezembro de 2015, Nadia Murad dirigiu-se ao Conselho de Segurança das Nações Unidas na sua primeira sessão sobre tráfico de seres humanos com um discurso de grande impacto sobre a sua experiência.

Em Setembro de 2016, tornou-se a primeira Embaixadora da Boa Vontade da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico de Seres Humanos, participando em iniciativas de sensibilização globais e locais sobre a difícil situação das inúmeras vítimas do tráfico de seres humanos.

Em Outubro de 2016, o Conselho da Europa homenageou-a com o Prémio dos Direitos Humanos Václav Havel.

Já Lamiya Aji Bashar tentou fugir várias vezes até escapar finalmente em Abril, com a ajuda da sua família, que contratou passadores locais. Ao fugir da fronteira curda para território controlado pelo Governo do Iraque, com militantes do EI no seu encalço, uma mina terrestre explodiu, matando duas pessoas das suas relações e deixando-a ferida e quase cega.

Conseguiu escapar e acabou por ser enviada para tratamento médico na Alemanha, onde se juntou aos seus irmãos sobreviventes. Desde a sua recuperação, Lamiya Aji Bashar tem trabalhado activamente na sensibilização para a difícil situação da comunidade yazidi e continua a ajudar mulheres e crianças que foram vítimas da escravatura e das atrocidades dos jihadistas.

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu em homenagem ao falecido dissidente russo e cientista Andrei Sakharov. Criado em 1988, homenageia indivíduos e organizações de defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Em 2015, o prémio distinguiu o blogger saudita Raif Badawi, que cumpre uma pena de dez anos de prisão por "insultos ao islão".

Comentários
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  • João Galhardo
    30 out, 2016 Lisboa 11:00
    Para gente como a Ana ou JJ, crianças de carne e osso que foram assassinadas por morteiros da «Al-Nusra» não existem. O que existem são as chamadas «escravas sexuais» para trocarem mensagens na Facebook.
  • Alexandre
    29 out, 2016 Lisboa 17:34
    A história das escravas sexuais, bem como a de Assad que bombardeia hospitais e casas de civis, é apenas mais um invento da Casa Branca, para que haja escalada militar na Síria. Estejam atentos às mentiras. Sempre que lerem «ISIL» nas notícias, significa «terroristas pagos pela Arábia Saudita, Israel e os EUA». Comentadores que acreditam em disparates e histórias destas, acreditam em tudo.
  • Miguel Botelho
    29 out, 2016 Lisboa 13:29
    Infelizmente, Ana, os meus sentimentos vão para os soldados sírios que defendem o Oeste de Alepo das bombas de morteiro vindas do Este de Alepo, nas mãos dos terroristas da Al-Nusra. Ontem, essas mesmas bombas mataram 6 crianças que a Ana e JJ desconhecem, como querem lá saber destas e outras crianças, massacradas pelos terroristas que recebem as armas da Arábia Saudita e pagas por Washington. O meu coração compadece-se com vítimas reais e não inventadas, ao sabor das mentiras de Washington e o Pentágono.
  • António
    29 out, 2016 Portugal 10:34
    Um prémio merecido. Tanto horror que passaram e temos aqui comentários de ódio. Como não podia deixar de ser são comentários de esquerdistas.
  • Mário Guimarães
    28 out, 2016 Lisboa 09:51
    Mais uma campanha publicitária amaricona contra a desgraça que criaram e criam no Mundo.
  • ana
    27 out, 2016 LISBOA 15:25
    Alguem que escreve o que o Sr Botelho escreveu só pode ser uma pessoa desprovida de sentimentos, sem valores morais ou empatia pelo sofrimento atroz de outros seres humanos.Na verdade, nao difere muito daqueles que infligiram e continuam a infligir tal tratamento cruel a mulheres, homens e crianças, mas infelizmente e tal como esses fanaticos religiosos que matam todos aqueles que consideram nao pertencer á sua ideologia demoniaca, o Sr Botelho e tantos outros fazem exatamente o mesmo.Nao sao muito diferentes no modo de pensar.Desprezam quem consideram "menor" do seu ponto de vista limitado, desconsiderando o sofrimento real de seres humanos.É perturbante ver o cinismo actual de pessoas que nao se compadecem do sofrimento de outros seres humanos, mas apenas se concentram nas suas criticas ocas....baseadas em nada de bom, provenientes de um coraçao tao desprovido de sentimentos...
  • NL
    27 out, 2016 Ermesinde 15:23
    Quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão. A autoria da frase não é minha. Apenas a subscrevo.
  • Maomé
    27 out, 2016 Cuba 15:13
    Tanto avanço cientifico e tecnológico, para tão subdesenvolvimento mental! O mundo tenebroso e primitivo, está globalizado!
  • JJ
    27 out, 2016 L 14:57
    Este ser "MIGUEL BOTELHO" o melhor a fazer dele é "Escrava(o) sexual" assim do tipo arranjado(a) há pressa para satisfação de qualquer campanha mediática...
  • Vladimiro Pinto
    27 out, 2016 Lisboa 14:39
    Aqui falam defensore (a)s dos direitos das mulheres, das desigualdades de rendimentos, do machismo, do poder masculino, de quotas, and so on.Deviam verificar, falar, sentir (só para homens, que eles não falam disso com mulheres), o cidadão tipo dos países árabes, em especial a oriente do egito, e de resto de tido o mundo muçulmano.O seu mais profundo sentir, está para além do machismo, o comum muçulmano ostenta um profundo desconhecimento do outro feminino, um despeito, uma falta de capacidade de empatia pelas mulheres, uma imensa frustração entre o que vêm do ocidente, que não compreendem e chegam a odiar para esconder frustações.É todo um peso civilizacional, de retrocesso do que já foi a civilização muçulmana.Mais tarde semore senti que iria dar problemas a imensa frustação do muçulmano médio,aumentada pela implusão social, pela crise de valores, e pela busca no religioso de respostas de cartilha.

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