04 dez, 2016 - 16:08
O poeta, crítico de arte, dramaturgo, biógrafo, escritor de memórias e tradutor brasileiro Ferreira Gullar, que recebeu o Prémio Camões em 2010, morreu este domingo no Rio de Janeiro, aos 86 anos, de pneumonia.
O motivo da morte foi confirmado ao diário brasileiro Folha de São Paulo, por Maria Amélia Mello, amiga e editora de algumas das obras do autor.
O mesmo jornal escreve que a morte foi confirmada também pela neta de Ferreira Gullar, que estava internado no hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro, há cerca de 20 dias devido a insuficiência respiratória.
Eleito para um dos lugares de "imortal" da Academia Brasileira das Letras em 2014, o brasileiro, natural de São Luís do Maranhão, conquistou vários prémios, tendo inclusive sido indicado, em 2002, por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prémio Nobel de Literatura.
De acordo com o 'site' da Academia Brasileira das Letras, o autor descobriu a poesia moderna aos 19 anos, ao ler obras de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, tendo ficado escandalizado com esse tipo de poesia.
Contudo, pouco depois, aderiu a essa poesia moderna e tornou-se num poeta experimental radical.
Participou no surgimento da poesia concreta, mas anos mais tarde, em dissidência, ajudou a criar o neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjectividade em oposição ao concretismo ortodoxo.
Em 1962, afastou-se da vanguarda e ingressou na luta política revolucionária, fazendo parte do partido comunista, escrevendo poemas políticos e participando na luta contra a ditadura militar, implantada no país em 1964.
Ferreira Gullar deixou clandestinamente o país, tendo vivido em Moscovo (Rússia), Santiago do Chile (Chile), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina) e voltado para o Brasil em 1977.
Segundo a Academia Brasileira das Letras, durante o exílio em Buenos Aires, o autor escreveu "Poema sujo", um longo poema de quase 100 páginas que é considerado a sua obra-prima e que foi traduzido e publicado em várias línguas.