07 dez, 2016 - 18:00
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Uma falsa notícia sobre uma rede de pedofilia que nunca existiu a envolver Hillary Clinton , com epicentro numa pizzaria de Washington, foi longe demais e acabou aos tiros.
O rumor começou com uma mensagem no Twitter partilhada milhares de vezes e a “hashtag” #pizzagate começou a aparecer nas listas de temas mais comentados.
No espaço de poucos dias, o caso espalhou-se a outras redes sociais, como o Reddit, o Instagram ou o 4chan, alimentado sobretudo por utilizadores anónimos ou pseudónimos.
A teoria da conspiração tornou-se viral na internet, amplificada pelo site Infowars, ligado à extrema-direita norte-americana. Ganhou destaque durante as eleições presidenciais norte-americanas, ao dar eco a várias notícias falsas contra a campanha da democrata Hillary Clinton.
Alex Jones, o homem por detrás do Infowars, cavalgou o tema e sugeriu, por várias vezes, que Hillary estava envolvida numa rede de pedofilia e que o seu director de campanha, John Podesta, participou em rituais satânicos.
“Quando penso em todas as crianças que Hillary Clinton matou, cortou aos pedaços e violou, não tenho medo nenhum de a enfrentar. Ouviram-me bem. Hillary Clinton matou crianças. A verdade não pode continuar escondida”, disse Alex Jones num vídeo publicado a 4 de Novembro no Youtube. Mais tarde, relacionou as suas graves declarações com a política norte-americana para a Síria.
O dono da pizzaria Comet Ping Pong, no centro do furacão, começou a receber ameaças na internet e através do telefone. Alertou a polícia e o FBI, mas continuou a ser importunado por pessoas que acreditaram no rumor.
A mirabolante teoria da conspiração falava numa rede de pedofilia instalada naquele restaurante de uma zona da classe alta de Washington, que operava numa rede de túneis secretos que davam para outras lojas da rua, que também estariam implicadas.
A mentira foi longe demais e acabou aos tiros, no passado domingo. Obcecado com o caso, Edgar Welch meteu-se no carro e guiou da Carolina do Norte até Washington para investigar.
O antigo bombeiro entrou na pizzaria com a sua espingarda de assalto, aterrorizando clientes e empregados.
Disparou contra uma porta que estava fechada no interior do restaurante, mas não encontrou crianças sequestradas, salas ou túneis secretos, muito menos uma rede de pedofilia, apenas um escritório com um computador.
Edgar Welch acabou por se entregar à polícia e ninguém ficou ferido no incidente. À polícia, disse que só queria salvar as crianças, mas não encontrou qualquer prova de uma rede de pedofilia.