08 dez, 2016 - 14:35
A China deve aumentar "significativamente" os gastos militares e construir mais armas nucleares, preparando-se para o Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump. A ideia é defendida no editorial desta quinta-feira de um jornal próximo do Partido Comunista Chinês (PCC).
Segundo o “Global Times” (jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC), Pequim deve "acelerar a instalação dos mísseis balísticos intercontinentais DF-41" para proteger os seus interesses, se Donald Trump proceder de "forma inaceitável" com o país.
O editorial defende, por isso, "um aumento significativo das despesas militares da China, em 2017".
O editorial do “Global Times” surge na sequência de um ‘post’ de Trump na rede social Twitter, com críticas às políticas externa e comercial chinesa, e da conversa por telefone com a líder de Taiwan (Formosa), Tsai Ing-wen.
Pequim considera Taiwan parte do seu território, pelo que o contacto de alto nível com Taipé sugere um apoio às aspirações independentistas do território.
"Precisamos de nos preparar melhor militarmente, para garantir que aqueles que advogam a independência de Taiwan sejam castigados, e tomar precauções em caso de provocação dos EUA no Mar do Sul da China", lê-se no artigo.
Duranta a campanha presidencial à Casa Branca, Donald Trump lançou vários ataques à China, que classificou de país "inimigo", que faz dos EUA "palermas".
Afirmou ainda que não deseja projectar o poder norte-americano além-fronteiras, pois a América está cansada de pagar para defender aliados como o Japão e a Coreia do Sul. Nesse sentido, chegou a sugerir, esses países deverão construir as suas próprias armas nucleares.
Esta semana, Trump escolheu o governador do estado de Iowa, Terry Branstad, com laços antigos com o Presidente da China, Xi Jinping, para embaixador norte-americano em Pequim.
A escolha sugere que o magnata quer manter boas relações com o país, mas o jornal estatal “China Daily” permanece pessimista quanto ao futuro das relações entre as duas maiores potências do planeta.
"A China tem de estar preparada para o pior", escreveu em editorial, na edição desta quinta-feira.
"O que aconteceu nas últimas semanas sugere que as relações entre a China e os EUA atravessam um período de incerteza nunca visto antes, contando que Trump pode não só ladrar como morder também", constatou.