14 dez, 2016 - 12:31 • com agências
Cerca de mil pessoas da cidade de Alepo, na Síria, que foram evacuadas depois do acordo de cessar-fogo de terça, foram retidas esta quarta-feira num posto de controlo das milícias iranianas nos arredores da cidade, avançou a agência estatal turca Anadolu, citando o líder do Crescente Vermelho turco.
"Essas pessoas passaram pelo ponto de controlo russo, mas foram interrompidas num segundo posto, controlado pela milícia iraniana, e está-lhes a ser negada a passagem", disse Kerem Kinik, citado na Reuters.
As negociações continuam para permitir que os autocarros, que transportam civis, consigam seguir viagem em direcção à província de Idlib, controlada pelos rebeldes, acrescentou.
Um cessar-fogo foi negociado na terça-feira pela Rússia, o aliado mais poderoso do Presidente sírio Bashar al- Assad, com a Turquia para acabar com os combates em Alepo, mas a evacuação programada dos distritos rebeldes ficou bloqueada na quarta-feira quando ataques aéreos e bombardeamentos atingiram a cidade.
O Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homónimo turco, Tayyip Erdogan, terão uma conversa telefónica esta quarta-feira para falar sobre Alepo, informou entretanto um porta-voz do Kremlin.
O exército sírio diz que o número de pessoas que querem sair da Alepo é 15 mil, incluindo quatro mil rebeldes, embora os capacetes brancos da Síria estimem que estejam mais de 100 mil pessoas cercadas na parte da cidade que até terça-feira era controlada pelas forças opositoras do regime. A verificação destas informações é difícil, pois não se encontra actualmente nenhum observador independente no terreno, apesar dos numerosos apelos das Nações Unidas e outras entidades internacionais.
Esta quarta-feira, a televisão estatal síria revelou que o bombardeamento do distrito de Bustan al-Qasr, recentemente recapturado pelo exército, matou seis pessoas.
O Irão, um dos principais apoiantes do Presidente sírio na batalha de Alepo, está a tentar negociar uma evacuação simultânea de feridos das aldeias de Foua e Kefraya que estão sitiadas por rebeldes, segundo fontes rebeldes e da ONU – daí o bloqueio dos postos de controlo a caminho de Idlib.
Uma emissora de televisão pró-oposição disse que a retirada planeada poderá vir a ser adiada até quinta-feira.
Segundo a agência Reuters, a Rússia justifica os ataques desta manhã dizendo que as forças do governo estavam a responder a ataques rebeldes. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou ainda que a resistência rebelde deve terminar nos próximos dois ou três dias.
As pessoas no leste de Alepo estavam a fazer as suas malas e a queimar bens pessoais para se prepararem para a evacuação, temendo a pilhagem pelo exército sírio e seus aliados da milícia iraniana.
No que se aparenta tratar de um desenvolvimento separado da evacuação, o Ministério da Defesa russo disse que seis mil civis e 366 combatentes haviam deixado os distritos controlados pelos rebeldes nas últimas 24 horas.